Alemanha cede e vai devolver artefatos da Nigéria saqueados por britânicos
Repatriação dos Bronzes de Benin reforça debate sobre as riquezas culturais que os colonizadores europeus tomaram de colonizados no passado
A Alemanha será o primeiro país a devolver à Nigéria os famosos Bronzes de Benin que estão no país. O anúncio foi feito pela ministra de cultura Monika Grütters, garantindo que uma parte substancial dos artefatos exibidos nos museus alemães voltarão ao país de origem a partir do ano que vem.
Saqueados em uma expedição militar britânica, no século XIX, os Bronzes de Benin são compostos por mais de 1 000 artefatos de palácios do antigo reino africano de Benin, situado no que hoje é a Nigéria. Eles foram comercializados entre diferentes países europeus e da América do Norte, e estão concentrados especialmente no Museu Britânico. Há tempos, a Nigéria negocia a devolução dos itens, sem muito sucesso.
A decisão reabre o ruidoso debate, banhado por ressentimentos, sobre a quem pertencem as riquezas culturais tomadas por colonizadores europeus. Egito, Grécia e países pré-colombianos também engrossam o coro dos que querem de volta artigos inestimáveis retirados de seus territórios em conflitos do passado ou até em expedições arqueológicas terminadas em disputas.
“Encaramos uma responsabilidade moral e histórica de lidar com o passado da Alemanha. Os Bronzes de Benin são um exemplo desse processo”, disse Monika após uma reunião entre peritos da área, segundo o jornal The Guardian. A Alemanha ficou de apresentar um plano de logística para a restituição de artefatos até o fim de junho, listando os primeiros objetos que serão devolvidos a partir de 2022.