“A ciência entrou no funk”, comemora MC Fioti
O cantor paulistano Leandro Ferreira, 26, conta como sua vida mudou após a música 'Bum Bum Tam Tam' virar “hino” da vacina do Instituto Butantan
Como reagiu ao saber que seu funk, Bum Bum Tam Tam, com 1,5 bilhão de visualizações no YouTube, virou a música da vacina CoronaVac? Quando vi que tinha virado meme, fiz um remix mudando a letra e falando que a vacina vai salvar muita gente. O Instituto Butantan começou a me marcar no Instagram e pedi para gravar o clipe lá. Eles me deram atenção total. Essa música mudou minha vida.
Por quê? Ela está ajudando a mudar a visão que se tem do funk, que é muito discriminado. Foi até citada em uma questão do Enem deste ano. A ciência entrou no funk.
Como foi gravar o clipe dentro do Butantan? A energia das pessoas que trabalham lá é surreal. Todos estavam felizes de estar ali. Nossa interação foi “da hora” (no clipe, os funcionários surgem dançando). Só não fui ao setor onde é feita a vacina, por segurança.
A abertura da música usa um trecho de uma peça de Bach, e a Orquestra Sinfônica da Bahia tocou sua música para falar da vacina. Como recebeu a homenagem? Achei genial. Fiquei imaginando como seria ver o Bach em pessoa tocando a Partita em Lá Menor para Flauta, de onde tirei o sampler. Escuto muita música clássica. Foi lindo.
O governador de São Paulo, João Doria, ligou para agradecer pela música. Isso o surpreendeu? Foi um baita reconhecimento, né? Isso foi uma vitória para o funk. Você já tinha visto um governador ligando para um funkeiro antes? Não é coisa que se vê por aí.
O que pensa da guerra política pela vacina? Não vou me intrometer em briga política. Os governadores e o presidente têm de se lembrar que o que está em jogo é a população. Se a vacina vai salvar vidas e é segura, temos de tomar.
Há quem diga que seu funk fez mais pela vacina que muitos políticos. Concorda? Vi muitos memes dizendo: “Fioti para Ministro da Saúde”. Isso mostra que a gente está ajudando as pessoas a ter a noção de quanto se vacinar é importante.
Publicado em VEJA de 3 de fevereiro de 2021, edição nº 2723