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A ascensão dos diamantes produzidos em laboratório

Recentemente, a Pandora, maior joalheria do mundo, anunciou que irá utilizar somente pedras sintéticas em suas coleções

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 3 jul 2021, 22h11

Os diamantes estão entre as pedras preciosas mais cobiçadas do planeta. Eternizados como “o melhor amigo de uma garota” por Marilyn Monroe, costumam ser associados a bons momentos. Por isso são os queridinhos para ocasiões especiais, como alianças de casamento, anéis de noivado e grandes eventos. Por outro lado, o processo de mineração de diamantes tem um grande impacto ambiental e humanitário, o que é um grande problema para consumidores das novas gerações. Além das preocupações ambientais – algumas minas de diamantes podem ser vistas do espaço -, a mineração de diamantes é controversa por causa de relatos de condições de trabalho abusivas e escravidão infantil, principalmente na região da África Austral.

Diante de jovens cada vez mais preocupados com questões éticas e sustentáveis, empresas de joias começam a investir em diamantes produzidos em laboratório. A Pandora, maior joalheria do mundo, é a mais recente empresa a integrar este negócio. No início de maio, a gigante dinamarquesa lançou sua primeira coleção de joias com diamantes sintéticos. Chamada Pandora Brilliance, a nova coleção, disponível apenas no Reino Unido, por enquanto, inclui anéis, pulseiras, colares e brincos. A expectativa é expandir a oferta para outros mercados em 2022, mas ainda não há previsão para a chegada ao Brasil.

De acordo com a empresa, os diamantes produzidos em laboratório são idênticos aos diamantes de mineração. Eles têm, inclusive, as mesmas características ópticas, químicas, térmicas e físicas e são classificados pelos mesmos padrões das pedras tradicionais – corte, cor, clareza e quilate.

Calor e pressão

Os diamantes naturais são forjados na pressão de esmagamento e no imenso calor do manto da Terra, a cerca de 160 quilômetros abaixo do solo, e durante séculos. A versão sintética também é submetida a alta pressão e temperatura. A diferença é que isso acontece em câmaras, em uma fração do tempo que leva para um diamante natural se desenvolver.

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Mas nem tudo são flores e todo esse processo exige muita eletricidade, o que, segundo críticos desse tipo de produção, não a torna tão sustentável assim. Para sanar esse problema, a Pandora utiliza diamantes produzidos com 60% de energia de fontes renováveis. Em breve, a taxa aumentará para 100%. “Fazer produtos sustentáveis e de forma ética sempre esteve no DNA da Pandora e o uso de diamantes produzidos em laboratório, a partir de fontes de energia renováveis, é mais um capítulo nessa história”, disse à VEJA Johan Melchior, porta-voz da Pandora na Dinamarca. 

Sustentáveis e mais acessíveis

Além de ser mais sustentável, a nova coleção tem como principal objetivo tornar as joias com diamantes mais acessíveis. Os diamantes feitos em laboratório custam cerca de um terço dos diamantes naturais. “Com esse lançamento, nós esperamos alcançar um grande grupo de consumidores que não consideraria comprar diamantes naturais por causa do preço elevado, e agora eles podem comprar diamantes que são idênticos a estes, mas custam muito menos”, explicou Melchior. 

Todos os itens da nova coleção da Pandora, feito de prata, ouro amarelo ou ouro branco são adornados com um diamante artificial solitário incrustado à mão. O preço começa a partir de 250 libras, cerca de 1.790 reais.

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O preço baixo só foi possível graças aos avanços tecnológicos dos últimos anos, que permitiram a produção mais rápida, barata e de maior qualidade de diamantes em laboratório. De acordo com um relatório encomendado pelo Antwerp World Diamond Center (AWDC), hoje, a produção de um diamante sintético custa entre 300 e 500 dólares por quilate. Em 2008, esse custo era de 4.000 dólares.

Mercado em ascensão

A Pandora não é o primeiro gigante da indústria de joias a entrar no mercado de diamantes sintéticos. Em 2018, a inglesa De Beers lançou a Lightbox Jewelry, uma linha de brincos e colares com diamantes feitos em laboratório, com preços a partir de 1.000 reais. Para comparação, um brinco de diamante natural da De Beers custa a partir de 6.000 reais.

Outras empresas, como  Lark & Berry, Matilde Jewellery, Kimaï, Anabela Chan, Vrai e Clean Origin também investem nesse material. Os diamantes criados em laboratório têm crescido em popularidade. Diversas celebridades, incluindo Rihanna, Lady Gaga, Emma Watson, Meghan Markle e Jennifer Lopez foram flagradas com peças feitas com diamantes cultivados em laboratório.

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A tendência é especialmente forte entre consumidores mais jovens, as gerações milennial (1980 a 1995) e Z (1995 a 2010), que são mais propensas a levar em consideração questões ambientais e de direitos humanos ao escolher os produtos que irão consumir. Em 2020, a produção mundial de diamantes sintéticos cresceu entre 6 e 7 milhões de quilates. A expectativa é que em 2030, o volume global desse mercado seja de 19,2 milhões de quilates. Por outro lado, a produção de diamantes naturais caiu para 111 milhões de quilates no ano passado, após atingir um pico de 152 milhões em 2017, de acordo com um relatório do AWDC e da consultoria Bain & Company.

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