6 escritores best-sellers que merecem o Nobel de Literatura
Autores como Margaret Atwood e Haruki Murakami são favoritos dos leitores ao prêmio, enquanto a Academia Sueca torce o nariz para nomes tão famosos
Anualmente, o Nobel de Literatura movimenta especialistas e casas de apostas que tentam adiantar o ganhador da cobiçada honraria. Nomes de autores famosos se repetem com frequência nestas listas, mas sem sucesso na hora de levar o prêmio. Caso de Philip Roth (1933-2018) que não ganhou o Nobel, e dos best-sellers Margaret Atwood e Haruki Murakami, que continuam no páreo e com forte torcida, mas dificilmente sairão premiados no anúncio deste ano, que acontece nesta quinta-feira, 8. A resistência da Academia Sueca com nomes populares costuma ter a ver justamente com o fato de serem famosos – um velho preconceito que em nada condiz com a qualidade literária do autor. Abaixo, seis escritores bastante populares, que para além da lista de mais vendidos, também mereciam estar entre os históricos vencedores do Nobel de Literatura:
Haruki Murakami
Um dos autores mais traduzidos do mundo, o japonês de 71 anos é dono de uma vasta produção que transita entre romances, contos e não-ficção. Com a ajuda de elementos fantásticos, ele discorre sobre temas filosóficos e universais, como a solidão e o medo. Um dos principais dons de Murakami é a habilidade de olhar para assuntos triviais da vida e destrinchá-los, mostrando que não são tão banais quanto se imaginava. Destacam-se obras como Minha Querida Sputnik, Norwegian Wood e a trilogia 1Q84.
Ngũgĩ wa Thiong’o
Aos 82 anos, o dramaturgo queniano é um perfil que tem potencial para levar o Nobel – tanto que é figura carimbada nas listas de aposta. Um dos autores africanos mais conhecidos para além da fronteira do continente, Thiong’o vive exilado nos Estados Unidos, desde que fugiu da perseguição política de seu país nos anos 80, mas escreve originalmente no idioma gikuyu. Sua obra é provocativa, com críticas que vão do colonialismo britânico à ditadura instaurada em seguida no Quênia – ele foi preso por um ano após uma peça de teatro de sua autoria ter sido considerada subversiva. Entre seus romances, destacam-se Um Grão de Trigo e Pétalas de Sangue.
Margaret Atwood
A autora canadense tem 80 anos de idade e foi alçada ao posto de “profetisa” por ter escrito distopias que tratam de assuntos deveras atuais. Caso da ditadura fundamentalista americana de O Conto da Aia, que virou série em The Handmaid’s Tale, e outra em que um vírus acaba com boa parte da humanidade, no livro Oryx e Crake. Recentemente, Margaret conquistou o Man Booker Prize, honraria britânica, por Os Testamentos, de 2019, continuação de O Conto da Aia, de 1985.
Ian McEwan
Outro vencedor do Man Booker Prize, o autor inglês de 72 anos é considerado um dos mais relevantes ficcionistas vivos. Em suas obras, McEwan vasculha hipocrisias humanas, tensões de classe, perigos do extremismo político, além de colocar na parede as ditas boas intenções de pessoas aparentemente “do bem”. Entre seus livros mais populares estão Reparação, A Balada de Adam Henry, Serena e Enclausurado. No mais recente, A Barata, ele bebe da ficção kafkiana para refletir sobre a situação dos refugiados na Europa.
Milan Kundera
Conhecido pela obra-prima A Insustentável Leveza do Ser, o autor checo-francês, de 91 anos, permaneceu por anos na lista de favoritos ao Nobel, mas, de tanto ser esnobado, parou de ser cotado pelos especialistas. Aspirante a pianista e também a cineasta, Kundera se estabeleceu como escritor na França, país do exílio que o recebeu após ser acusado de traição pelo Partido Comunista Tcheco. O autor dedicou sua escrita a temas cotidianos, amores e decepções, geralmente com um fundo político, revelando as feridas deixadas pelo passado. Além de sua obra mais popular, Kundera assinou títulos interessantes como O Livro do Riso e do Esquecimento, A Imortalidade, A Ignorância e A Festa da Insignificância.
Karl Ove Knausgård
O norueguês de 51 anos ainda é jovem, em comparação aos colegas que continuam à espera do Nobel, mas já foi por muito tempo cotado por especialistas ao prêmio. Isso porque Knausgård transformou a banalidade do dia a dia em matéria-prima para a série Minha Luta, composta por seis livros autobiográficos que narram o amadurecer do autor. Seu apelo está justamente na capacidade observar detalhes minúsculos da vida e ampliá-los de forma curiosa, revelando camadas e camadas de eventos corriqueiros, como uma faxina e festas infantis culminando em temas como o amor e a paternidade.