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Sexo com hora marcada: casais começam a abrir o jogo sobre os tabus na cama

Eles começam a falar a respeito da baixa frequência de relações em convivências longevas e inventam estratégias para tentar reacender o interesse

Por Duda Monteiro de Barros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jul 2025, 21h11 - Publicado em 4 jul 2025, 06h00

Muitos tabus vêm sendo removidos do tecido social à medida que o mundo avança e os preconceitos se dissipam. É tudo lento e gradual, como ocorre agora com um desses temas que, por um misto de vergonha e conformismo, costumava se manter silencioso — a vida sexual de casais em relacionamento estável. Boa parte, como esperado em elos longevos, embarca numa rotina a dois, se enche de tarefas dentro e fora de casa e, não raro, acaba sugada pela agenda dos filhos. Com cotidiano tão atribulado, somado ao fato de a passagem do tempo trazer desgaste e impor novos desafios à parceria, uma parcela considerável deixa o sexo em segundo, terceiro plano. É o que mostra uma vasta pesquisa do Instituto Kinsey, nos Estados Unidos, um dos mais respeitados na área, que elenca números dando contornos ao fenômeno — 45% dos casais ouvidos em diferentes países dizem que “transam poucas vezes por mês” e 13% falam em “apenas algumas vezes por ano”. É pouco se comparado à média da população mundial, de uma a três vezes por semana.

Em um movimento saudável e libertador, felizmente, as pessoas, sobretudo as mulheres, começam a falar disso. Recentemente, Fernanda Lima, 48 anos, contou que a vida sexual com o marido, Rodrigo Hilbert, 45, com quem é casada há mais de duas décadas, anda em marcha lenta. “O sexo não está fácil. A vida vai ficando muito corrida”, desabafou em uma entrevista. O depoimento franco da ex-apresentadora do programa Amor & Sexo, da TV Globo, sacudiu as redes, ascendendo ao topo dos assuntos mais comentados, e ajudou a pôr a discussão sob os holofotes, sem meias-palavras. É compreensível que a frequência dos encontros na cama não seja como no começo, algo que os especialistas definem como ciclo natural dos relacionamentos. “Por mais que o casal tenha uma assiduidade alta no início, na maioria das vezes ela vai diminuindo com os anos”, diz Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo. “Mas o fato de o desejo mudar não significa que ficará estagnado. O importante é conversar sobre a questão a dois, sem medo”, afirma.

PROBLEMA DE AGENDA - Hilbert e Fernanda Lima: tem faltado tempo
PROBLEMA DE AGENDA - Hilbert e Fernanda Lima: tem faltado tempo (@rodrigohilbert/Instagram)

Embora haja registro de muitos sacolejos recentes no campo dos costumes, o casamento segue fincado sobre os mesmos pilares tradicionais — esta é uma armadilha, no olhar dos estudiosos. O ideal romântico que brotou na Europa medieval, segundo o qual há duas caras-metades que, uma vez juntas, formam uma só, pode acabar alimentando relações em que os espaços individuais vão se diluindo. É justamente nessa “fusão”, segundo o jargão da psicologia, que ocorre de um se tornar menos interessante para o outro, já que aquela dose de mistério, um motor para a atração, vai desaparecendo. “Aprendemos que se relacionar é controlar a outra pessoa, quando é exatamente a privacidade que fomenta o desejo”, ressalta a psicanalista Regina Navarro Lins, autora do livro Novas Formas de Amar.

O exercício diário da maternidade, que vem embutido de cansaço e de uma mexida na ordem de prioridades, é um dos fatores citados por 45% de uma amostra investigada por uma plataforma de estudos populacionais do Reino Unido como principal fator para a diminuição da intimidade e a queda à metade da regularidade do sexo. De acordo com especialistas, é algo universal. Aconteceu com a gerente comercial A.L., uma das mulheres ouvidas pela reportagem de VEJA que ainda não se sente à vontade para tratar do tópico abertamente. Depois de oito anos com o marido, com quem tem uma filha de 13, ela reconhece que as coisas já vinham amornando, até que chegou o bebê e ela não conseguiu lidar com a nova realidade. “A gente chegava em casa exaustos e o sexo foi ficando cada vez mais raro. Aí veio minha filha e, para mim, ele virou apenas um pai, sem despertar aquele encanto de antes”, relata.

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RECEITA - Taís e Lázaro: zelar por momentos a dois deu certo
RECEITA – Taís e Lázaro: zelar por momentos a dois deu certo (@olazaroramos/Instagram)

A marcha feminina das últimas décadas vem colhendo importantes conquistas no terreno da sexualidade. Há não tanto tempo assim, não era esperado delas nem que tivessem voz em relação a seus desejos. O advento da pílula anticoncepcional, em meados do século XX, chegou como um furacão, garantindo-lhes maior poder de decisão sobre o próprio corpo. “As mulheres foram deixando a posição de submissão e a ideia de que tinham que agradar o parceiro, e não a si mesmas, sem considerar o seu prazer”, observa a historiadora Mary Del Priore. Sob a perspectiva histórica, o progresso é inequívoco, mas ainda há chão neste terreno tão sinuoso. VEJA conversou com mulheres que até conseguem cutucar o delicado tema da falta de desejo com o parceiro, mas frequentemente não são compreendidas. “Me sentia desconfortável durante o sexo, parecia uma obrigação”, relata a maquiadora F.S., 29 anos, que, em uma relação há três anos, preferiu não se identificar. “Resolvi falar da minha falta de vontade, e ele não ligou”, lamenta.

Enquanto o debate sobre a intimidade conjugal evolui, os casais se movimentam para encontrar modos de sacudir o marasmo. Só para não perder o hábito, há quem adote uma prática que pode soar estranha, porém cresce, de acordo com psicólogos especializados em casais: o sexo com dia e hora marcados. A atriz Mônica Martelli, 57, já aderiu e defende a estratégia. “Se agendamos dia para tudo — buscar filho na escola, ir à terapia, praticar ioga —, por que não fazer o mesmo com o sexo?”, provoca ela, casada há seis anos. Os atores Taís Araujo e Lázaro Ramos, ambos com 46 anos e há mais de duas décadas juntos, também abraçaram a ideia. “Às vezes, a gente precisa deixar marcado o encontro para reservar esse tempo para nós”, explica Taís. Neste campo, não há roteiro, muito menos fórmula. Desde que funcione, está valendo.

Publicado em VEJA de 4 de julho de 2025, edição nº 2951

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