Pesquisa inédita de VEJA revela a perda de conexão entre pais e filhos retratada em ‘Adolescência’
Entenda os números

Ao trazer para os holofotes a dificuldade cotidiana enfrentada por pais buscam entender o que se passa na cabeça dos filhos, em mundo permanentemente mediado pela tecnologia, “Adolescência” se tornou o maior fenômeno da história da Netflix, que registrou quase 70 milhões de visualizações, em todo mundo.
Felizmente, a imensa maioria das famílias está distante de situações tão trágicas quanto a vivida pela família Miller, que descobre, do dia para a noite, abrigar um assassino em sua própria casa, mas mães e pais se aproximam dos personagens principais do drama, cada vez que se perguntam o que faz o filho, encerrado entre quatro paredes, com um celular em mãos – uma verdadeira caixa preta com conexão direta para um mundo virtual paralelo.
Na tentativa de medir o tamanho desse fosso, VEJA encomendou à MindMinders, uma empresa de pesquisa de mercado especializada em sondagens on-line, um levantamento exclusivo, de abrangência nacional com 1 000 pais e mães de adolescentes entre 0 e 19, seguindo a definição da Organização Mundial de Saúde sobre esse período da vida.
Passar tempo nas redes sociais e jogar videogames é de longe a mais buscada pela garotada: 48% colocam os quesitos no topo das preferências ante os 6% que escolhem encontrar amigos. Cerca de um terço considera que os filhos passam tempo excessivo isolados em seu hábitat e se revela insegura em relação a interações seladas entre um clique e outro, mesma porção que diz saber que o jovem já foi alvo de bullying.
Veja os principais dados do levantamento:

Para Denielle Almeida, sócia da MindMinders, os responsáveis pelos adolescentes estão excessivamente otimistas. “É uma interpretação seletiva da realidade: acredito que, para aqueles pais cujos filhos pedem para baixar um aplicativo ou que mostram vez ou outra algo que fazem nas redes sociais, isso pode ser um sinal de que sabem da vida digital dos filhos, o que não é necessariamente verdade. O filho pode estar dando visibilidade apenas de parte do que faz, e o pai não tem consciência”, pontua.
Na reportagem de capa de VEJA, pais relatam a aflição e não conseguirem acompanhar o que acontece com os filhos no universo virtual. Mesmo entre os que afirmam controlar o tempo de tela, 70% relatam que seus filhos possuem perfis prórpios em redes sociais, tornando o controle do conteúdo ofertado praticamente inviável. “O desafio não está apenas em impor limites, mas em educação e diálogo, ajudando os filhos a navegar nesse ambiente com mais consciência. A mediação ativa dos pais é essencial”, diz Danielle Almeida