Nos looks, Kate Middleton não perde a chance de homenagear Diana
De quebra, ela conquista simpatia entre os súditos
No banquete oficial oferecido pelo rei Charles III ao presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, o primeiro desta nova era carolina, a entrada mais triunfal foi, como sempre, a da nora Kate Middleton, trajando um espetacular longo branco bordado de cristais assinado por Jenny Packham, uma de suas estilistas preferidas. Mais do que o vestido, porém, dominava as atenções à tiara em sua cabeça — a célebre Lover’s Knot, arco de diamantes e pérolas que ela já usou em diversas ocasiões, mas que naquela noite carregava um simbolismo especial. A Lover’s Knot ficou famosa coroando os cabelos loiros de Diana, a princesa de Gales, que a ganhou de presente de casamento da rainha Elizabeth II. Na primeira recepção de gala da nova era, Kate, agora princesa de Gales — título reservado ao herdeiro do trono e sua mulher —, quis com ela homenagear sua antecessora, um gesto sensível e simpático que, de tão repetido, já se incorporou ao seu estilo.
Morta em um acidente de carro em 1997, no auge de seus 36 anos, Diana angariou junto ao público uma popularidade diametralmente oposta à má vontade com que era vista na família real, com quem passou anos às turras — um período difícil da Casa de Windsor que a série The Crown agora trata de relembrar. Entre os royals, só dois mencionam seu nome, sempre com elogios: os filhos William e Harry — e suas mulheres, claro. Aproveitando essa brecha no meio da animosidade, Kate faz questão de, vira e mexe, desfilar visuais que lembram os da sogra, um ícone fashion na sua época. A lembrança pode desagradar a uns e outros na família, mas repercute com enorme sucesso entre os súditos da futura rainha.
Algumas de suas aparições à la Diana são aleatórias: uma estampa de poás aqui, um design de um ombro só ali, um casaco acolá. Outras são escolhidas a dedo, caso do vermelho com gola aplicada no vestido usado por ambas ao sair do hospital, Diana com Harry em 1984 e Kate com Louis em 2018, e do estonteante brilho de sofisticação nos longos escolhidos pelas duas para estreias de filmes de James Bond — Na Mira dos Assassinos, de 1985, e Sem Tempo para Morrer, de 2021. Com exceção das joias fabulosas da coleção real, as homenagens de Kate, que também comparecem em chapéus e bolsas, nunca são uma mera cópia do passado — só delineiam os traços necessários para reavivar a memória de Diana.
Reeditar roupas e acessórios marcantes não quer dizer que Kate imite a sogra. Longe disso, a atual princesa de Gales faz questão de cultivar um estilo muito próprio de se vestir, tirando partido do corpo de modelo, no qual tudo cai bem. Tal qual a outra princesa, ela começou a trajetória de dona de um dos guarda-roupas mais extraordinários do mundo insegura e sem desenvoltura e, aos poucos, foi desabrochando — a maquiagem pesada que a envelhecia, por exemplo, demorou anos para ser suavizada. Nesses onze anos de casada, a plebeia filha de uma ex-aeromoça aprendeu tudo sobre como se vestir e se comportar e, em pesquisa no fim de outubro, dividia com o marido a posição de dupla mais popular entre os royals, ele com 69% e ela com 67% de aprovação (Charles vem em quarto, com 54%). Nada como uma princesa de Gales depois da outra.
Publicado em VEJA de 7 de dezembro de 2022, edição nº 2818