Monólogo de abertura — “Dois urubus e um cartão de ponto”
Dois urubus na janela e um dilema: seguir a intuição ou encarar o dia, mesmo sob o presságio do azar.
Boa noite.
Hoje eu acordei com o pé esquerdo. E o direito também. Porque quando abri a janela, vi dois urubus. Dois. Não um, dois. Plantados no telhado da frente, como se fossem fiscais do destino, sentinelas do azar. Um deles me encarou. E eu, que só queria saber se ia chover, fui atingido por um presságio.
A vida é assim: você acorda achando que vai enfrentar o trânsito, o chefe, o boleto… e acaba enfrentando o sobrenatural.
E aí, o que fazer? Rezar? Mas pra quem? Existe santo padroeiro contra urubu? São Benedito? São Jorge? São Netflix?
Rezei um Pai-Nosso, uma Ave-Maria, e pensei: “Hoje não dá. Hoje não tem como.” Porque tem dias que a gente não acorda — a gente é acordado. Pelo despertador, pelo medo, pelo olhar de um urubu.
Liguei pro chefe. Falei a verdade. “Chefe, não posso sair de casa. Não é gripe, não é luto, não é falta de gasolina. É urubu. Dois. Um deles me olhou.”
Ele não entendeu. Ninguém entende. Porque a lógica do mundo não cabe na planilha de ponto. Mas a gente insiste. A gente vai. Mesmo com o mau agouro, com o frio na espinha, com o coração dizendo “fica” e o relógio gritando “vai”.
E aí, quando o chefe disse que ia me mandar embora se eu não chegasse em meia hora… eu soube. O azar já começou.
E você, que me ouve agora, talvez ache graça. Talvez ache exagero. Mas pense bem: quantas vezes você também viu um sinal e ignorou? Quantas vezes o universo sussurrou “não vai” e você foi mesmo assim?
Às vezes, o maior ato de coragem é não sair de casa. É dizer “não” ao mundo e “sim” à sua intuição.
Porque, no fim das contas, a vida é isso: um eterno abrir de janelas. E nunca se sabe o que vai estar do outro lado.
Boa noite. E cuidado com os urubus.
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