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Manifesto transparente: por que a geração Z decidiu abandonar o sutiã

Trata-se de gesto político de autonomia e liberdade

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 dez 2025, 08h00 •
  • Sem pompa nem circunstância, mas com firmeza, as moças da geração Z, de jovens com menos de 30 anos, estão abandonando o sutiã — e fazem do gesto, é natural, uma declaração política cotidiana embebida de estética. Olhe para o lado, em tendência que cresce com rapidez. Trata-se de bradar a autonomia do corpo, e cada um que se vista ou se dispa como bem quiser. Nas ruas, no trabalho, nas redes sociais e até no tapete vermelho, os peitos marcados sob tecidos finos simbolizam autenticidade. A história recente do movimento, é bom lembrar, começou em 2012. A diretora Lina Esco criou naquele ano o filme e a campanha Free the Nipple para combater a censura aos mamilos. A iniciativa ganhou força e não demoraria a alimentar o conservadorismo de quem se opunha, como nos EUA, onde houve prisões, sob a alegação de atentado ao pudor, mesmo em estados que permitiam o topless.

    SUSTENTAÇÃO - A atriz Zendaya: uma das porta-vozes da nova onda: sem censura
    SUSTENTAÇÃO - A atriz Zendaya: uma das porta-vozes da nova onda: sem censura (Wiktor Szymanowicz/Getty Images)

    Brotou, de imediato, uma série de obstáculos e contradições. Nas redes sociais, genuínas caixas de ressonância, plataformas como o Facebook e o Instagram seguiram censurando mamilos femininos enquanto permitiam os masculinos sem restrição. Foi preciso, na estrada contra o preconceito, que lideranças globais comprassem a briga. Em 2017, a atriz Zendaya foi vista com uma fã usando a camiseta oficial do movimento. Billie Eilish, conhecida por roupas oversized para evitar sexualização precoce, passou a explorar modelagens translúcidas. E então a roda começou a girar mais rapidamente. É escolha pessoal, ponto. Agora, a porta-voz mais evidente da onda é a atriz britânica Florence Pugh. Em 2022, ela produziu espanto com modelo rosa-choque transparente da Valentino. A reação misógina foi imediata. “Como é que meus mamilos podem ofender tanto assim?”, questionou. “É a liberdade que as pessoas temem, o fato de eu estar confortável e feliz.” Florence foi ao ponto fundamental: a vigilância sobre o corpo feminino, ainda que incomode quando desponte de forma mais natural, é rastilho de pólvora, no avesso do que acontece quando homens andam um tantinho mais à vontade.

    Outro dia mesmo, a atriz americana Sydney Sweeney reacendeu o tema ao aparecer com vestido transparente no evento Power of Women. Sharon Stone saiu em defesa da companheira de profissão, que preferiu o silêncio cauteloso. “Há ainda uma disputa cultural severa, com aspectos morais que servem para o mundo feminino, mas não para o masculino”, diz Marina Costin Fuser, pesquisadora e doutora em estudos de gênero pela Universidade de Sussex.

    APOIO - Sydney Sweeney: defesa de Sharon Stone depois de ser criticada
    APOIO – Sydney Sweeney: defesa de Sharon Stone depois de ser criticada (Gilbert Flores/Variety/Getty Images)
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    Convém, em quase tudo na vida, passear pela história, por ser postura útil para entender cada passo da civilização. Nos anos 1960 e 1970, queimar sutiãs era o suprassumo da contracultura. Hoje é tudo menos performático, o que não significa subtrair a força política da atitude. As jovens talvez não estejam queimando sutiãs em praça pública — mas estão, com calma, deixando que eles fiquem dobrados na gaveta. Ainda pode demorar, sem dúvida, mas haverá o dia em que mostrar quase tudo já não produzirá tanto incômodo, e de peito aberto as mulheres conquistarão o direto de não pedir permissão.

    Publicado em VEJA de 5 de dezembro de 2025, edição nº 2973

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