Liberdade e sensibilidade: o incrível exercício de criação de Alexandre Herchcovitch na passarela do SPFW
Baseada em corte, costura e modelagem, coleção traz cristais, cores vibrantes e referências de décadas e séculos passados
Uma coleção mista de inverno e primavera, totalmente livre de amarras, em que o mais importante era a base para a construção de uma roupa: corte, costura e modelagem. Cores vibrantes se misturavam a tons sóbrios em um intenso e belo exercício criativo, em que lado a lado, técnica e a sensibilidade do estilista promoveram uma ode à liberdade de criação. Assim se apresentou o desfile de Inverno/Primavera 2025 da marca Herchcovitch; Alexandre, na noite desta segunda-feira 7, na boate Blue Space, durante o São Paulo Fashion Week.
“É uma coleção bastante eclética, que mistura inverno e primavera ao mesmo tempo. Procurei criar livremente aspectos de várias décadas passadas 1960, 1970 e até séculos passados em uma grande mistura em que me exercitei em corte, costura e modelagem – uma coisa que me permito fazer”, disse Alexandre Herchcovitch a VEJA.
Na passarela, looks inspirados em uniformes esportivos de rúgbi e futebol americano incorporaram brilho por meio de cristais fluorescentes que reagiam à luz negra — resultado de uma colaboração inédita com a Swarovski — e promoviam um efeito bastante interessante.
Os mais de 81 mil cristais ainda surgiram aplicados em roupas, bolsas e joias desenvolvidas artesanalmente pelo estilista em parceria com o designer Hector Albertazzi, com cores fluorescentes e cristais nos tons de verde, branco, rosa e laranja. “A ideia é que as cores vibrantes sejam usadas no inverno, as mais escuras sejam usadas na primavera”, contou o estilista.
O xadrez, a lã e o veludo cotelê, estampa e tecidos típicos de inverno também ganharam força, pontuados pelas cores intensas em rosa, laranja e amarelo, com claras referências aos anos 1960 e 1970 em silhuetas em A, listras, laços e amarrações – tudo focado na construção e acabamentos.
Os vestidos de jacquard Cloquê e organza de seda pura, tingidos com pigmentos fluorescentes em fibras naturais, que sob luz negra faziam as estampas florais ganharem ares cenográficos e tecnológicos promoveram um espetáculo à parte na passarela, assim como os looks finais em látex natural extraído da seringueira da Amazônia e moldados em moulage diretamente em manequins, com volumes que remetem ao final do século XVIII, movimentos fluidos e sem armações. “É um desfile que eu fiz para mim, para meu exercício como estilista. O resultado de fato é uma coleção bastante vibrante e, para mim, bastante emocionante”, finalizou o estilista.
Beleza Natural
Mais uma vez, a beleza do desfile de Herchcovitch foi assinada por Celso Kamura. “Como a coleção do Ale tem um olhar multifacetado sobre o vestir contemporâneo, falando de inovação, referência histórica e construção sofisticada, para a beleza, a gente desconstruiu”, disse Celso a VEJA.
Segundo o beauty artist, o estilista quis mostrar uma pele mais crua, mais real, bem tratada e com pouca interferência de make. “Por isso, se misturaram bases para dar uma textura mais leve e fluida, com um brilho luminoso natural de hidratação, máscara de cílios transparente e sobrancelhas naturais.”
Ainda na maquiagem, algumas modelos ganharam um blush cremoso e translúcido em tons nude e marrom, misturados com um toque de cereja nas maçãs do rosto e finalizado com um pigmento lilás no alto das têmporas.
Os cabelos vieram presos num rabo central, com as laterais soltas, trabalhados nas próprias texturas de cada modelo. “Deixamos o mais natural possível”, completou Kamura.
Veja looks do desfile:








