Diplomacia, estilo e luto: qual a mensagem do terno preto de Zelensky?
Presidente da Ucrânia trocou o "uniforme de batalha" por um traje monocromático cheio de simbolismos em reunião com Trump

Na reunião com Donald Trump, Volodymyr Zelensky trocou seu uniforme de batalha — as camisetas militares verde-oliva, sua marca registrada — por um traje preto. O gesto, aparentemente simples, foi carregado de significados: não se trata apenas de uma escolha de moda, mas sim, uma mensagem estratégica, estética e simbólica.
Desde 2022, Zelensky construiu sua imagem pública com roupas militares ou em tons sóbrios, alinhado ao espírito de resistência da Ucrânia em guerra. Esse “uniforme” virou uma marca pessoal e um símbolo de solidariedade com seus soldados. Porém, diante da Casa Branca e ao lado de Donald Trump, ele decidiu refinar o discurso visual com um traje totalmente monocromático, que trouxe elegância e diplomacia.
Mas ao evitar a gravata, o presidente ucraniano sinalizou que não abandonou o vínculo com o front. Mostrou sim um certo respeito ao protocolo, mas ao escolher uma jaqueta de corte estilo terno e sem gravata, construiu um visual híbrido: um líder em guerra que, ainda assim, dialoga com o jogo da política internacional.
A escolha também respondeu, de forma inteligente, às críticas que recebeu meses antes, quando foi acusado de informalidade ao se apresentar sem um traje tradicional em encontros oficiais. Agora, ao vestir-se de maneira mais, digamos, polida, Zelensky inverteu a narrativa: arrancou elogios até de Trump e risadas ao brincar com o repórter que o havia criticado — “Você está com o mesmo terno. Eu mudei, você não”, disse.
Em seu silêncio cromático, o all black também trazia um grito: o luto de um país pelas tantas mortes que a guerra acumula. Um lembrete sombrio e direto a Trump sobre o preço humano do conflito que ainda devasta a Ucrânia.
Assim, o visual de Zelensky revelou sua força simbólica. Foi um gesto diplomático e um ato de comunicação política, mas, ao mesmo tempo, uma evolução de imagem e um exemplo de como a moda, longe de ser futilidade, pode se tornar uma linguagem de poder, capaz de traduzir dor, estratégia e resiliência em uma só silhueta.