‘Deus me ama como eu sou’, diz pastora Lanna Holder
A evangélica conta como deixou de pregar a “cura gay” para se assumir como lésbica e fundar, ao lado da esposa, uma igreja aberta à diversidade
A senhora fez fama no meio evangélico como pregadora da “cura gay” — até se assumir como lésbica. Como se deu a mudança? Me converti evangélica dentro de um contexto que enxerga a homossexualidade como possessão maligna. Então busquei me libertar da atração por mulheres. Fazia longos períodos de oração e jejum. Passei por um processo desesperador, enquanto minha mãe me apresentava rapazes para eu namorar. Foi quando conheci o homem com quem me casei. Em meio a isso, já estava testemunhando sobre ser ex-lésbica. Só que eu viajava muito para os Estados Unidos, e lá conheci minha esposa, a Rosania (Rocha, cantora gospel). Nós nos apaixonamos e nos envolvemos por seis meses em segredo, até contar para os nossos maridos.
Como aconteceu a ruptura com sua igreja na época, a Assembleia de Deus? Foi um escândalo, porque nossos maridos tornaram isso público. Tive de me afastar do ministério por quatro anos, com o objetivo de entender o que tinha passado. Comecei a viver uma experiência de amor com Deus, de saber que Deus me ama como eu sou. Vivi uma ressignificação. Mas, para pregar aquilo para milhares de pessoas, eu precisava ter convicção.
O que a fez alcançar essa convicção? Em 2006, sofri um acidente de carro, passei por nove cirurgias e fiquei em coma. Tive uma experiência: me vi em uma sala branca, cheia da presença de Deus, que me perguntava se eu queria ir ou ficar. Ele não me chamou por nomes pejorativos nem me condenou por minha sexualidade. Ele me mostrou que me amava como eu sou e que havia lugar no céu para mim.
Por que resolveu fundar uma igreja aberta à diversidade, a Cidade de Refúgio? Eu e Rosania começamos nossa história juntas em 2010, e a Cidade de Refúgio vem em 2011. Desde então nós tentamos mudar a história das pessoas que têm a mesma jornada que a nossa. Não é fácil. Chegam aqui pessoas que se aceitam, mas não aceitam o amor de Deus, e aquelas que aceitam o amor de Deus, mas não conseguem se aceitar. Temos vivido muitos milagres.
Como avalia a repercussão da Cidade de Refúgio? No início, não pensávamos em abrir igreja, mas tínhamos amigos cristãos que não eram aceitos em suas igrejas e eles pediam que eu falasse de Deus e que a Rosania cantasse. Havia uma sede de Deus, a demanda era muito maior do que o esperado. Já temos quinze templos no Brasil, um em Portugal e queremos abrir novas unidades na Espanha e nos Estados Unidos.
Publicado em VEJA de 25 de setembro de 2025, edição nº 2963
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