Como um relógio lançado há exatos 50 anos mudou os rumos do mercado
O Casiotron, primeiro relógio de pulso da Casio, colocou a marca japonesa em destaque e ajudou a popularizar os modelos digitais
O ano é 1974. A política americana foi abalada com a renúncia do presidente Richard Nixon (1913-1994). A Copa do Mundo, disputada na Alemanha Ocidental, foi vencida pelos anfitriões. O campeão do boxe Muhammad Ali (1942-2016) enfrentou George Foreman na maior luta do século, em um ringue no Zaire, atual República Democrática do Congo. Foi o período em que Dolly Parton lançou “Jolene”, os suecos do Abba emplacaram “Waterloo” nas paradas e o planeta ouviu o hit jamaicano “Kung Fu Fighting” à exaustão. Nos cinemas, o sucesso absoluto era “Inferno na Torre“, filme catástrofe sobre um incêndio no maior arranha-céu do planeta que bateu o segundo capítulo da trilogia “O Poderoso Chefão“. No mundo da relojoaria, uma até então pouco conhecida companhia japonesa que fabricava calculadoras colocou no mercado seu primeiro relógio digital, o único até então com um calendário automático.
Embora não tenha sido o primeiro relógio digital do planeta – o mérito é do Pulsar, da Hamilton, lançado dois anos antes – o Casiotron foi responsável por colocar a Casio no caminho do sucesso. Nessas cinco décadas, a empresa se tornou referência em modelos simples e funcionais, de preço acessível e design único. Eles são vistos no pulso de celebridades que têm marcas suíças muito mais caras em suas coleções, e mantém o apelo entre o público jovem, interessado principalmente nas versões vintage das décadas de 1980 e 1990.
Agora, na celebração de 50 anos do lançamento do modelo, o Casiotron foi relançado em uma edição limitada a apenas 4 mil unidades no mundo todo. Apenas 10 vieram ao Brasil, ao preço de R$ 2.399, e esgotaram rapidamente. Houve um cuidado em reproduzir as características originais, como o tamanho (considerado pequeno para os padrões atuais), mas com a adição de novas tecnologias, como a conexão com smartphones e carregamento solar.
Visto hoje, o relógio é simples, trivial até. Mas é esse seu apelo duradouro. Em tempos de smartwatches repletos de funções e smartphones mais poderosos que computadores, há um interesse crescente pelos modelos de pulso como acessório fundamental na hora de compor um “look”. “Quem usa quer mostrar estilo, uma personalidade diferente”, diz Patrícia Bacan, gerente de marketing da Casio.
A tecnologia, é claro, evoluiu. “Foram muitos momentos marcantes ao longo do tempo. Os modelos com calculadora, o bluetooth, o uso de outros matérias nas caixas e pulseiras”, afirma Bacan. Em cinco décadas, o portfólio cresceu bastante e hoje conta com várias marcas, como a G-Shock, que no ano passado completou 40 anos, e a Edifice, focada em cronógrafos (que têm uma complicação adicional que funciona como cronômetro).
As vendas também dispararam. Em 1985, por exemplo, a empresa vendia cerca de 300 mil relógios de pulso por ano no mercado norte-americano. Hoje, são mais de 80 bilhões de unidades distribuídas em todos os países em que atua.
Como aconteceu com o G-Shock, as celebrações dos 50 anos devem continuar com mais lançamentos nos próximos meses. Em mercados internacionais, a empresa já anunciou a linha Sky and Sea, que incorpora detalhes azuis e dourados ao modelo mais representativo de suas marcas: Casio, G-Shock, Baby-G (voltada para mulheres), Edifice e Pro-Trek (usada por montanhistas e trilheiros, não disponível no país).