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Como a sobreposição de biquínis virou tendência do verão de 2025

A onda nas praias e piscinas nesta temporada de calor é vestir uma peça em cima da outra, de cores e tamanhos diferentes

Por Valéria França Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jan 2025, 17h18 - Publicado em 4 jan 2025, 08h00

Quando despontou em uma piscina pública de Paris, em 1946, o biquíni foi uma revolução bombástica no mundo da moda. Classificado pelos jornais franceses como “quatro triângulos de nada”, a criação do engenheiro e estilista suíço Louis Réard (1896-1984) transformou definitivamente o vestuário de praia e se estabeleceu como um paradigma comportamental.

A roupa de banho feminina que leva o nome do atol no Pacífico onde os americanos testaram suas bombas atômicas após a Segunda Guerra Mundial nunca mais saiu de cena e passou a movimentar bilhões de dólares no mercado fashion. Só no Brasil são 9 bilhões de dólares, entre compras e vendas de peças nesta época do ano. A cada verão, novos tecidos, formatos e cores chegam às praias. Para além dos lançamentos do varejo, é preciso também estar atentíssimo ao modo de usar. É como um código de entendidos, um manifesto que identifica quem está ou não antenado com o que está fazendo sucesso na faixa de areia e nas piscinas.

A onda agora, em 2025, é vestir um biquíni em cima do outro. Pode parecer esquisito instalar dois modelos juntos para ir à praia, mas a ideia pegou ao ar livre e, claro, ecoou nas redes sociais, ali onde as celebridades e as quase-celebridades mostram o corpo e algo mais. É o caso da cantora Anitta, da empresária Bianca Andrade — mais conhecida como Boca Rosa — e da criadora de conteúdo Livia Nunes, filha caçula do ex-dono da rede de varejo Ricardo Eletro, com mais de 2 milhões de seguidores.

Sobrepor peças, umas em cima das outras, no streetwear é comum. As camisas usadas sob camisetas estão aí como confirmação de que funciona. Essa mesma lógica, entre biquínis, é invenção recente, que brotou como brincadeira e provocação, porque vale tudo. “Essa história começou no Brasil quando a Livia Nunes chegou à minha loja querendo modelos para sobrepor”, diz Amir Slama, dono da grife que leva seu nome. Há mais de quarenta anos no ramo, o ex-dono da Rosa Chá deu então a fórmula de como jogar o jogo com graça.

O primeiro passo é escolher modelos parecidos, mas de tamanhos diferentes, um maior e outro bem menor, criando assim relevos. As calcinhas asa-delta e de lacinho nas laterais também funcionam bem na montagem. Peças lisas com cores primárias dão um bom contraste e facilitam a combinação. O preto e o branco não têm erro. Já as estampas coloridas, cuidado, é melhor evitar. São difíceis de serem combinadas.

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1962 - Ursula Andress: a sensualidade na estreia de 007
1962 - Ursula Andress: a sensualidade na estreia de 007 (Sunset Boulevard/Corbis/Getty Images)

Há um quê de novidade, sem dúvida, um tantinho de postura provocante, mas convém saber que o movimento tem um ar conservador. Nos últimos dois anos, depois do recato imposto pela pandemia, tudo ficou (muito) menor, diminuto mesmo. Cresceria depois em dimensão, ao modo do modelo cor de marfim da atriz Ursula Andress no primeiro filme da franquia de James Bond, 007 contra o Satânico Dr. No, de 1962, para voltar a encolher. Como então barrar a impressão de nudez? Somando 1 + 1, simples assim. Na hora de tomar sol, porém, o grandão sai de cena e só volta a compor o visual a tempo de ir para casa ou quando o sol baixa.

As grifes gigantes já perceberam o aspecto teatral da criação. A Chanel fez uma farra e tanto nas passarelas internacionais ao atrelar o modelo cortininha à alfaiataria, sobrepostos, claro. Outras marcas poderosas puseram cortes praianos de tricô em cima de jaqueta. “Moda é atitude”, resume Renato Thomaz, vice-presidente da Água de Coco, que usou referência similar no último desfile de verão da marca. “O papel da moda é transcender o óbvio”, diz ele.

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Não há dúvida, porque assim caminha a humanidade. Contudo, as invenções de vestuário vão e vêm como uma onda no mar, e daqui a doze meses a dobradinha talvez suma. Pouco importa, porque vale o instante, ainda que alguns clássicos sejam eternos. O fio dental é um deles. A canga, idem, ora levada dentro da bolsa, para ser estendida na areia, ora amarrada como saia ou vestido. Só o tempo dirá, enfim, se o jogo duplo de biquínis persistirá, até porque a turma do desmancha-prazeres tem sempre um porém. A sobreposição faz levar mais tempo para que a roupa seque. O biquíni molhado pode elevar o risco de infecções íntimas, como a candidíase, cuja ocorrência aumenta em até 20% nessa época do ano. As roupas de banho úmidas, portanto, devem ser evitadas. Mas nada de abandonar o bom humor, sempre necessário (e não por acaso há quem vá com biquínis triplos). O melhor conselho quem deu foi a estilista francesa Coco Chanel (1883-1971): “A moda é como arquitetura, pura questão de proporções”. Que bom, e que a chama seja eterna enquanto dure, como cantou Vinicius de Moraes, um dos pais fundadores da Garota de Ipanema.

Publicado em VEJA de 3 de janeiro de 2025, edição nº 2925

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