Como a rainha egípcia Nefertiti ainda inspira a moda e a beleza, mesmo após 3.300 anos?

Há pouco mais de 100 anos, em 1924, foi revelado ao mundo um busto de calcário revestido de estuque com aproximadamente 3.300 anos e descoberto em 1912 por arqueólogos alemães no Egito: Nefertiti, a misteriosa rainha que governou o Egito no auge do império até a sua morte, em 1330 a.C., cujas raras representações conhecidas são um símbolo de poder e beleza. Exposto no pátio do Neues Museum, em Berlim (onde está até hoje), revela um ícone estético que ainda inspira os universos da moda e das artes.

A mandíbula esculpida, as maçãs do rosto altas, o pescoço altivo e, principalmente, os olhos delineados com Kohl, uma espécie de pó usado pelos egípcios para escurecer as pálpebras e sobrancelhas, são inspirações duradouras, que atravessam décadas. Assim como seus adereços – um maxi colar e uma coroa de topo plano, faixa dourada e “uraeus” de serpente sagrada – mostrados no busto da mulher, que reza a lenda, seria uma nobre, mãe de seis filhas, incluindo a esposa do famoso faraó Tutancâmon, no Egito do século XIV a.C.

“O busto de Nefertiti é tão perfeito; e ela é muito autossuficiente, o que chama a atenção. Sua confiança e a clareza no olhar é o que nos atrai”, disse Cheryl Finley, professora de história da arte no Spelman College, em Atlanta, para a CNN Internacional.

Ícone de beleza

São justamente essas características que a fizeram virar um “ícone de beleza” desde a descoberta em 1912 – tanto que o rosto retratado no busto foi estampado em anúncios e revistas. Na moda, o estilista francês, Paul Poiret (1879-1944), incorporou padrões egípcios em seus modelos; a designer de chapéus americana Lilly Daché desenhou acessórios inspirados em Nefertiti, em 1945; e com Elizabeth Taylor na pele de Cleópatra no cinema, em 1963, se espalhou por todo o universo fashion como referência de beleza.

Também influenciou designers contemporâneos como John Galliano, que trouxe chapéus como o da rainha egípcia no desfile de primavera 2004 da Dior; Christian Louboutin que lançou batons inspirados em Nefertiti em 2015; e Azzedine Alaïa que homenageou a figura histórica com turbantes pretos usados por Naomi Campbell em seu outono de 2017.

Atualmente, Nefertiti segue como um ícone cultural, com influenciadores recriando seus looks nas redes sociais. Na indústria da beleza, marcas como Juvia’s Place e UOMA Beauty produzem maquiagem em homenagem à rainha cujo nome quer dizer “a bela chegou”. Existe até um procedimento estético chamado “Nefertiti Lift”, que utiliza uma técnica não invasiva de toxina butolínica para melhorar os contornos da mandíbula.

Entre as celebridades, Rihanna e Beyoncé são duas que, vira e mexe, prestam tributo à egípcia. Rihanna tem uma tatuagem do busto de Nefertiti na costela, enquanto Beyoncé incorporou a rainha no videoclipe de “Sorry”, em 2016, com seu cabelo penteado como se fosse a coroa. “O busto de Nefertiti transcende o tempo” finalizou Finley.

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