A inusitada exposição em Paris com fotos de moda usadas como instrumento jurídico
Museu de Artes Decorativas traz mostra com fotografias produzidas pelas maisons para provar a autoria de suas criações e evitar cópias

Até 26 de janeiro de 2025, o Museu de Artes Decorativas, em Paris, exibe a mostra “La Mode en Modèles. Fotografias dos anos 1920-1930”, que traz uma seleção de 120 imagens produzidas pelas casas de moda para provar a autoria de suas criações e evitar cópias.
Chamadas “fotos de registro” ou “registros de desenhos”, eram imagens documentais feitas pelas grandes maisons para serem anexadas em seus pedidos de patente como provas de suas criações e uma forma de combater as cópias ilegais ou reproduções não autorizadas. Elas atestavam as propriedades industriais e intelectuais dos desenhos e modelos e serviam como instrumentos jurídicos contra eventuais processos de falsificação e plágio, algo comum na época, já que a alta-costura estava em plena expansão.
Arma contra a cópia
Muito diferente das campanhas fashion, as fotos não dependiam de poses de modelos. Eram bem simples, mas ricas em detalhes, onde o que importava era a imagem da roupa ou acessório, fotografada em todos os ângulos – de frente, de lado e por trás – para fins de identificação criminal. Alguns poucos criadores como Madeleine Vionnet (1876-1975), porém, utilizavam espelhos e dispositivos fotográficos de vanguarda para dar mais uma atmosfera criativa.
“Há apenas a preocupação de representar todos os aspectos da peça, como frente, costas, perfil, então o desafio foi dar vida e ritmo a essas fotografias que são de natureza judicial”, disse Sébastien Quéquet, curador da exposição que traz registros de estilistas famosos da época como Jean Patou (1887-1936), Jeanne Lanvin (1867-1946), Jeanne Paquin (1869-1936), Elsa Schiaparelli (1890-1973), e outros.
Segundo o curador, a intenção da mostra é justamente jogar luz à questão da cópia, algo que que existe desde a Antiguidade, se acentuou nessa época pré-Segunda Guerra Mundial, e não dá sinal de parar, ainda mais em tempos de inteligência artificial (IA). “A pergunta é: podemos parar de falsificar? Muitos respondem que não”, finaliza.