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Reeducação alimentar

A saga para mudar minha (gulosa) relação com a comida

Por Walcyr Carrasco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 10h42 - Publicado em 12 fev 2023, 08h00

Sempre gostei de comer bem. Não resistia a um menu degustação. Pernil assado. Churrasco. Tive minha fase inacreditavelmente magra, lá pelos 20 anos. Aos 30, comecei a estufar. Criei uma barriga da qual não me livrei até hoje. Nunca acreditei realmente em pratos fit. E é com desconfiança que encarava um rótulo de low carb. Mas a vida seguiu. Descobri que ser gordinho e feliz era estar na beira do precipício. A barriga, fui advertido, leva à síndrome metabólica. Que, por sua vez, implica em riscos cardíacos, pouca insulina, gordura no fígado. Um terror. Ao diagnosticar a tal síndrome, um médico se torna um Drácula, tal o horror que implanta na alma do guloso como eu.

Passei por vários regimes nos últimos tempos, todos com nutricionista e médico. De fruta em fruta, de leite vegetal em leite vegetal, fui perdendo as gordurinhas. Não há maior prazer para um gordo do que a camisa voltar a fechar, sem que o botão estoure no umbigo. Minha necessidade de comer mudou, passei a não ter fome o tempo todo. Descobri que há uma balança que mede tudo, até gordura corporal. O exame da bioimpedância, feito pela tal balança, avalia a composição corporal. Foi ele que me traiu. Quando a gente entra em questões alimentares, não basta ser magro, fiquei sabendo. Tornar-se saudável é uma saga.

“Não há regime ou remédio que mude a alma de um gordo. Quando me distraio, penso é numa feijoada”

O exame acusou aumento de gordura visceral, perda de musculatura etc. etc. “Impossível, eu não como mais!”, reagi. Era verdade. Acordava e só tomava um iogurte! Almoço levíssimo! A nutricionista magra e bela fez com que eu descrevesse cada grão de arroz que eu comia. “Você está comendo pouco, mas com excesso de carboidratos. Carboidrato é o vilão que está em tudo que é bom de comer: pudim, por exemplo. A solução: proteínas. Adoro carne, peixe, frango acho meio sem gosto. Descobri que minha vida seria reduzida a isso: carne, peixe, frango. Só. Ainda tentei me salvar, espertamente: “Torresmo é proteína?”. “No caso, é considerado gordura”, a nutricionista respondeu.

É a tal da reeducação alimentar. Acordo, devoro três ovos… Todo dia! No almoço, dois filés, o peixe, o frango — que ódio, não posso nem botar uma maionese. Para mim, frango de supermercado tem gosto de isopor. Só que na minha situação atual até um isopor bem temperado cai bem. Jantar? Shake de proteína. Mais: o ideal é parar de comer às 19h30. Gosto de trabalhar à noite. Quando escrevo minhas novelas, os personagens estão sempre com fome.

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Walcyr Carrasco: A saga para mudar minha (gulosa) relação com a comida Comecei a perder quilos. O sofrimento diminui com o hábito. Aos poucos, no reflexo do espelho, vejo um rosto de que não me lembrava mais. Não torro mais nas compras. Já estava economizando ao reabilitar roupas antigas, agora mais ainda.

A reeducação alimentar traz mil vantagens. Mas conto um segredo: não há regime, técnica nutricional ou remédio que mude a alma de um gordo. Quando me distraio, penso mesmo é numa bela feijoada.

Publicado em VEJA de 15 de fevereiro de 2023, edição nº 2828

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