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Viver com Ousadia

Por Luana Marques Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A ansiedade pode se tornar sua maior força. A psicóloga Luana Marques, professora de Harvard, ensina como transformar o medo em ação e treinar a mente para vencer as incertezas pelo caminho.

O tipo de pensamento que destrói qualquer relacionamento

Colunista descreve principal responsável pelo divórcio e como evitá-lo; saiba como treinar o cérebro muda suas relações

Por Luana Marques
4 ago 2025, 08h00

Você já discutiu com seu parceiro por algo pequeno e teve uma briga muito maior por conta disso?

Uma louça acumulada, uma toalha fora do lugar, ou uma tarefa esquecida.

Se você já viveu isso, vai se identificar com um casal que atendi recentemente. Vamos chamá-los de Marina e Carlos.

Naquela noite, Marina chegou do trabalho, viu a pia cheia com panela do dia anterior, copos de suco do café da manhã e soltou, já de cabeça quente:

— Carlos, a pia tá do mesmo jeito desde ontem.

Do sofá, ele respondeu, sem tirar os olhos da TV:

— E você sempre transforma tudo em discussão.

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— Eu tô exausta!

— Eu também!

Ela fecha os olhos por um segundo, tentando não estourar. Ele cruza os braços no sofá.

Ela insiste, ele se cala. Ela sente que está sendo ignorada, ele sente que está sendo atacado.

E, mais uma vez, os dois se afastam, mesmo querendo a mesma coisa: serem vistos, escutados e compreendidos.

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Na semana passada, falamos sobre esse mesmo casal por aqui e também falamos sobre o antídoto científico para não terminar seu relacionamento.

Hoje, vou te mostrar como treinar o seu cérebro para sair desse padrão repetitivo que afasta, mesmo quando o amor ainda existe.

Duas verdades opostas podem existir ao mesmo tempo

Diante do estresse, nosso cérebro tende a funcionar no modo de sobrevivência. Ele interpreta conflitos como uma ameaça e como um campo de batalha em que só uma verdade pode vencer.

Ou eu estou certa, ou ele está.

Ou eu falo, ou sou ignorada.

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Ou eu dou conta de tudo, ou sou fraca.

Na psicologia, chamamos isso de Distorção Cognitiva, ou pensamento “preto no branco”: em vez de enxergar os detalhes e camadas de uma situação, nosso cérebro tenta simplificar tudo em extremos.

Essa forma de pensar parece proteger, porque dá ao cérebro uma resposta rápida diante da ameaça. Mas na prática, é uma forma de evitação psicológica. Porque, quando só uma verdade pode existir, o outro se torna automaticamente uma ameaça.

E isso tem consequência direta no nosso comportamento, que nos faz reagir impulsivamente (luta), recuar (fuga) ou paralisar (congelar).

Na clínica, quando um casal chega preso nesse tipo de dinâmica, costumo propor um pequeno ajuste que pode fazer uma grande diferença.

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Substitua o “ou” pelo “e”

Em vez de: “ou ele me entende, ou eu preciso gritar.”

Experimente: “eu preciso ser ouvida E ele pode estar no limite também.”

Essa mudança abre espaço para reconhecer a própria dor e a do outro, sem apagar nenhuma das duas.

Parece simples, mas exige muito treino, porque o nosso cérebro está viciado no “ou”.

Quando conseguimos fazer essa transição interna, deixamos de encarar o outro como inimigo e começamos a enxergá-lo como alguém que também está lutando, à sua maneira.

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Quer ver como o “E” poderia ter mudado o conflito de Marina e Carlos?

  • Pensamento: “Eu estou exausta E ele também pode ter tido um dia difícil”;
  • Emoção: a frustração pelas louças acumuladas dá lugar ao alívio;
  • Comportamento: diminuir a voz e perguntar sobre o dia dele.

Percebe a diferença?

A frustração não desaparece. O cansaço também não.

Isso não significa engolir o desconforto.

Significa se expressar com mais intenção e abrir espaço para reconexão.

Você pode se sentir sozinha E seu parceiro pode estar tentando dar conta do que consegue.

Você pode precisar de apoio E ele pode não saber como oferecer.

Você pode estar no limite E ainda assim escolher comunicar com clareza.

Treinar seu cérebro para perceber isso, no meio do caos, é um movimento que exige coragem e com o tempo, muda completamente suas relações. Por isso, esse é um dos temas que mais aprofundo no meu livro “Viver com Ousadia”.

Comece a treinar seu cérebro para sair do “ou”

Na sua próxima briga ou DR, lembre-se do que acabou de ler, respire fundo e se pergunte:

  • O que estou pensando?
  • O que estou sentindo?
  • O que estou prestes a fazer?

E depois, experimente esse pequeno ajuste: troque o “ou” pelo “e”.

Observe como essa mudança simples pode abrir espaço para você se escutar e escutar o outro ao mesmo tempo.

É assim que começamos a sair da rigidez do conflito e criamos mais espaço para conexão.

Às vezes, viver com ousadia é simplesmente pausar antes da resposta automática e lembrar que duas verdades opostas podem existir ao mesmo tempo.

E se você leu até aqui, quero saber o que essa nova perspectiva te fez pensar: me escreve lá no Instagram? Adoro saber quando pequenas mudanças viram grandes transformações.

Nos vemos na próxima semana.

Até lá, pratique a coragem de incluir, a si mesmo e seu parceiro, na mesma conversa.

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