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Viver com Ousadia

Por Luana Marques Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
A ansiedade pode se tornar sua maior força. A psicóloga Luana Marques, professora de Harvard, ensina como transformar o medo em ação e treinar a mente para vencer as incertezas pelo caminho.

Autoengano: é ele que impede que você chegue lá

Os sinais de que estamos no caminho certo (ou errado) quando queremos virar a chave em nossas vidas

Por Luana Marques
4 jul 2025, 13h00

Você já se perguntou por que mudar parece tão difícil, mesmo quando você quer muito? Por que é tão fácil começar cheio de vontade e tão difícil continuar?

Talvez você esteja achando que o problema é falta de foco, disciplina ou motivação. Mas e se eu te dissesse que o verdadeiro obstáculo pode ser algo que ninguém te contou?

Nós aprendemos desde cedo que sentir desconforto é ruim, que é sinal de que algo está errado. Mas, na verdade, o desconforto pode ser exatamente o sinal de que você está no caminho certo. Hoje, quero te convidar a olhar pra ele com outros olhos.

Mudança sem dor: uma promessa tentadora

No consultório e na vida, vejo isso o tempo todo: pessoas que sentem um chamado profundo para mudar de carreira, buscar um novo propósito ou finalmente dar um passo em direção a algo que sempre sonharam.

Mas, ao pensar nos desafios que isso envolve, como voltar a estudar, encarar a opinião dos outros e lidar com a instabilidade financeira, elas travam.
A vontade continua ali, mas o medo fala mais alto.

Em vez de seguir adiante, muitas vezes ficam paralisadas. Ou tentam buscar soluções rápidas, que prometem transformação sem esforço, mas que raramente se sustentam.

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Não estou aqui para julgar essas escolhas. Estou aqui para te lembrar de algo simples e verdadeiro: não dá para mudar de vida sem atravessar o desconforto.

O desconforto não é o inimigo, é o caminho

Lembro bem quando eu ainda era estudante de intercâmbio nos Estados Unidos. Fazia poucos meses que eu tinha chegado, e tudo em mim gritava para voltar para casa.

Naquela manhã gelada, fiquei deitada na cama por horas. Chorava em silêncio, sentindo um aperto no peito. Fazia frio e tudo ao meu redor parecia estranho. O inglês ainda não fluía e não me sentia pronta.

Na minha cabeça, uma frase se repetia sem parar: “se eu não aprender rápido, minha carreira pode acabar antes mesmo de começar.” Esse pensamento despertava um medo profundo de fracassar, de ser uma decepção e de não dar conta. Eu me sentia envergonhada e frustrada.

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Como resposta, meu corpo congelou. Quis desistir, voltar por Brasil e fugir daquele incômodo. Meu cérebro interpretava tudo aquilo como um risco real, como se a minha sobrevivência estivesse ameaçada.

Hoje, sei que isso não era fraqueza. Era só o meu cérebro ativando um mecanismo natural: o sistema de luta, fuga ou congelamento. No meu caso, eu congelei.

Naquele dia, me lembrei do que minha avó sempre dizia: “seja a água, não a pedra.” Entendi que, se eu voltasse para casa naquele momento, talvez nunca conseguisse construir a vida com a qual eu tanto sonhava.

Foi ali, naquela escolha de continuar mesmo com medo, que algo dentro de mim começou a mudar.

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A neurociência explica exatamente isso: o nosso cérebro não sabe diferenciar um perigo real de um desconforto emocional. Por isso, ele aciona o alarme. Mas nem todo alarme significa que você está em perigo de verdade.

A melhor parte é que podemos treinar nosso cérebro para não evitarmos o desconforto. Mas, assim como um músculo, ele só se transforma com treino. E treino exige esforço, dor e persistência.

Mudar pode doer

Talvez você esteja esperando o momento certo, a motivação perfeita ou o empurrãozinho final. Mas a verdade é que mudar de vida, seja qual for o seu objetivo, exige algo muito mais desafiador: romper com a inércia, sair do lugar e seguir em movimento, apesar do desconforto.

É difícil sair do conhecido. E mais difícil ainda é sustentar uma nova direção quando o medo, a dúvida ou a dor começam a aparecer. Tudo bem se isso doer. E tudo bem se for difícil.

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Isso não é sinal de fracasso. É sinal de que você está se movendo e que, finalmente, saiu do piloto automático. E a melhor parte é que seu cérebro pode aprender a lidar com esse desconforto.

Mesmo quando tudo em você diz que é perigoso, mesmo quando o alarme interno dispara, é possível treinar o cérebro para reconhecer que nem todo desconforto é ameaça. Com o tempo, com prática e com coragem, seu cérebro aprende a conviver e superar os incômodos.

Hoje, meu convite é simples: em vez de fugir do desconforto, experimente encarar. E antes de terminar, te deixo com algumas perguntas:

  • Você está repetindo os mesmos padrões esperando resultados diferentes?
  • O que você tem evitado porque acha que “vai ser difícil demais”?
  • Que pequena atitude você poderia manter hoje, mesmo com desconforto?
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Na próxima semana, vamos continuar essa conversa. Vamos falar sobre o que te ajuda a sustentar a mudança mesmo nos dias mais difíceis. E, principalmente, como acender seu fogo interno e continuar, mesmo quando tudo em você quer parar.

Nos vemos lá?

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