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Vida de Imigrante

Por Edison Veiga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Alegrias e agruras da maior diáspora brasileira da história, a partir do olhar de um entre os 5 milhões que formam o fenômeno.

Não existe cerveja grátis

Uma praça pública com fontes de chope aguça salivas nos grupos de WhatsApp — mas, ao contrário da velha propaganda de cartão de crédito, tudo tem preço

Por Edison Veiga Atualizado em 22 ago 2024, 07h22 - Publicado em 22 ago 2024, 07h01

Eu estava de malas prontas para me mudar para a Eslovênia. Tão logo compartilhei a novidade aos confrades de um grupo de WhatsApp, o jornalista Paulo Saldaña, amigo de longa data, escreveu:

— O Edison se cansou de buscar bares poucos frequentados na Vila Madalena para ir… Agora encontrou um país pouco frequentado no Leste Europeu para morar!

Restou-me rir, porque realmente a decisão de viver em um país menor do que o Sergipe onde habitam menos pessoas do que a zona sul do município de São Paulo é um tanto esquisita e difícil de explicar.

Mas bastou eu me instalar para que toda a sorte de conhecidos brasileiros — desde aqueles poucos que posso chamar de amigos aos de convivência bissexta que preciso me esforçar para associar nome à fisionomia — passassem a me taguear em posts cata-cliques de teor alcoólico variado mas conteúdo similar: existe na Eslovênia uma praça com fontes de onde jorram cerveja. Cervejas. Diversas cores, sabores, composições, notas de não sei o quê e outros atrativos.

Não raras vezes a marcação facebookiana vem acompanhada de um comentário maroto do tipo “ah, agora eu entendi por que você foi parar aí”, “tá explicado kkkkk” ou “assim eu também quero”.

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Depois de muito pensar com meus botões, encarando-os na sufocante situação provocada, é claro, pela protuberância abdominal crescente que denuncia meus gostos etílicos, decidi visitar essa tal praça maravilhosa onde, segundo os baits, funciona uma espécie de Éden telúrico para todo e qualquer apaixonado por uns bons goles da clássica bebida feita com água, malte e lúpulo.

Praça pública com chopeiras: até existe, mas não é bem assim

Chama-se Žalec a cidadezinha — lê-se Jáletz —, conta com menos de 5 mil habitantes e fica no coração da região que é a maior produtora de lúpulo da Eslovênia. Pronto, isto explica o storytelling da tal praça.

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Mas tome aí mais um gole, a prosa não para por aqui. A ideia turístico-estapafúrdia veio porque há uns 10 anos saiu para um sortudo morador de Žalec o milionário prêmio da loteria federal. E, à guisa de impostos, os cofres públicos municipais embolsaram um montante nunca antes visto.

Daí prefeito e Câmara resolveram fazer do limão uma limonada — ou do lúpulo uma cervejada. E decidiram criar na praça central a primeira fonte de cerveja de toda a Europa, um investimento de quase 400 mil euros que colocou a outrora desconhecida cidadela no mapa do turismo das blogueirinhas e nos trending topics das redes sociais.

Só que não espere chegar lá e ver um chafariz jorrando o líquido dourado e borbulhante. Também não vislumbre um open bar. O cervejófilo vai encontrar uma modernosa construção a céu aberto com seis chopeiras, devidamente abastecidas com seis cervejas diferentes de produtores da região. Para que as torneiras funcionem, contudo, é preciso posicionar sob elas uma caneca especial, equipada com um chip que libera seis doses de 100 mililitros. E só.

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A caneca custa 11 euros e depois fica como um suvenir bacana.

É interessante? É. Mas não é aquele sonho de uma tarde de verão pintado nos reels do Instagram. Tampouco foi a razão que me trouxe para a Eslovênia — em quase seis anos aqui, fui lá somente uma vez.

Desculpe por colocar água no seu chope esloveno.

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