Em tempos de Trump, sitcom com família latina tem muito a dizer
‘One Day at a Time’, cuja segunda temporada foi disponibilizada pela Netflix na sexta, fala de imigração, depressão e homoafetividade sem perder o bom humor
Quando a primeira temporada do remake de One Day at a Time estreou, em janeiro de 2017, Donald Trump estava para assumir o posto de presidente dos Estados Unidos, após uma ferrenha campanha eleitoral que prometia a expulsão de imigrantes ilegais do país e a construção de um muro em toda a fronteira com o México. Um ano depois, a política imigratória do país americano realmente endureceu e protótipos para o tal muro já estão em construção. É justamente nesse momento que a Netflix disponibiliza a segunda temporada do seriado, que retrata uma família de imigrantes cubanos e é protagonizado por atores de ascendência latina.
Os treze novos episódios chegaram ao serviço de streaming na sexta-feira (26) e prometem tocar no tema imigração pela história de dois personagens que buscam visto definitivo para morar nos Estados Unidos. O seriado não fala sobre o tema o tempo inteiro, mas as menções a ele perpassam os capítulos, como não poderia deixar de ser. Ao mesmo tempo, continua a acompanhar a vida de Penelope (Justina Machado), uma veterana de guerra divorciada, com depressão e ansiedade, que conta com a ajuda da mãe, uma desbocada imigrante cubana (Rita Moreno), para criar seus dois filhos adolescentes – a filha mais velha, Elena (Isabella Gomez) revelou ser lésbica no meio da temporada passada e agora vai se aventurar no primeiro namoro com uma garota.
A descrição da série até parece apontar para uma produção dramática, mas não é nada disso: o remake do seriado exibido na televisão americana entre 1975 e 1984 segue o formato da boa e velha sitcom, gravada em frente a uma plateia e com aquela faixa de risadas entre uma fala e outra. Justamente por isso é especial: é convencional em seu formato, com gracejos leves e piadas às vezes até fracas, faz parte, mas trata de alguns assuntos com frescor e sob uma ótica, talvez agora mais do que nunca, necessária.