O caldeirão exótico do Khruangbin
O trio americano, que toca no festival Popload, mistura estilos que vão do pop asiático ao reggae, passando pela moderna bossa nova de Marcos Valle
Khruangbin é uma palavra de origem tailandesa que significa “avião”. É também o nome de uma das atrações mais originais do Popload, festival que acontece nesta sexta-feira no Memorial da América Latina. Mark Speer (guitarra), Laura Lee (baixo) e Donald “DJ” Johnson entram no palco por volta das 13h. Vale muito a pena chegar mais cedo para assistir ao trio, que mistura pop asiático, música brasileira (são fãs de Marcos Valle), surf music e o dub – uma espécie de reggae mais psicodélico –, em especial as criações do produtor jamaicano Scientist. Aliás, Hasta el Cielo, mais recente álbum do grupo, é todo dedicado a essa vertente experimental do reggae. “O gênero hoje tem uma pegada eletrônica que eu não gosto muito. Prefiro as produções típicas dos anos 70”, diz Speer.
O grupo começou a nascer em 2004, quando Speer e Johnson (então organista) faziam parte da banda de uma igreja em Houston. “Ótimos locais para encontrar músicos talentosos”, diz Johnson. Desde o princípio, Speer preferia fazer carreira com música de sua própria lavra a ganhar alguns trocados nos estúdios de gravação da cidade texana. “Country não era meu estilo, nem sou muito adepto à essa escola de solos”, diz ele, que atua mais como um construtor de climas do que um herói da guitarra. Três anos depois, a dupla conheceu Laura Lee. Speer a ensinou a tocar baixo e Johnson passou para a bateria. O trio desenvolveu então esse caldeirão sonoro que se tornaria sua principal característica.
Speer, Laura e Johnson não são apenas uma experiência musical deliciosa. Visualmente são muito interessantes, com suas longas perucas e uma coreografia desajeitada que é um charme. “A gente nunca ensaia, esse é o segredo”, brinca Laura. O trio está tendo uma carreira ascendente nos Estados Unidos. No ano passado, abriram a turnê de Leon Bridges, uma das revelações da soul music. White Gloves foi eleita pela revista australiana Happy Mag como uma das melhores canções para se escutar fazendo amor. “Não compus com isso em mente, mas as pessoas podem fazer o que quiser com ela”, brinca Lee. No final do papo, Laura ainda revela que o trio gosta de outro artista nacional. “Tim Maia. A música dele é excelente para se relaxar durante os ensaios”. Tim Maia para relaxar? Realmente, nada é muito comum no excitante universo do Khruangbin.