Nove refrescos musicais que nos ajudaram a suportar 2019
Foi um ano dominado pelo sertanejo e pelo funk, mas também repleto de destaques na seara do pop, do rock, da MPB, soul music e do hip hop. Eis os destaques
A música foi o melhor refúgio num ano marcado por turbulências na política e na economia. E nem tudo se resumiu aos hegemônicos sertanejo e funk. A produção do pop e MPB nacional e internacional tiveram um grande destaque e foram um alívio para quem busca uma música de qualidade. Abaixo, alguns dos nomes que fizeram 2019 mais feliz.
NACIONAIS
Alice Caymmi
A cantora carioca lançou Electra, álbum no qual se fazia acompanhar apenas por um piano — e quem já fez essa loucura sabe muito bem que tem de ser um intérprete e tanto para tal proeza. O repertório variava entre releituras de Tim Maia e Walter Franco a boas novidades do pop como Areia Fina, de Lucas Vasconcellos. Electra, o show, é ainda mais corajoso: uma entrega única (ela chega a ficar estática numa mesa, meia hora antes da apresentação) e traz a versão mais intensa da surrada Andança.
Jão
O menino nascido em Américo Brasiliense, interior de São Paulo, se iniciou fazendo releituras de canções alheias no YouTube. Mas seu trabalho autoral é o fino do pop. Anti-Herói, de 2019, foi inspirado numa desilusão amorosa e traz canções nas quais ele fala de separação e sofrimento. Os arranjos modernos, entre o pop e o novo sertanejo, atraem como poucos o público jovem: Jão soa como um cruzamento de Renato Russo com Luan Santana e suas performances traz fãs que cantam as letras antes, durante e até depois dos shows.
Duda Beat
A popstar pernambucana até criou um termo para classificar seu estilo: a “sofrência pop”, uma combinação entre o sofrimento típico da música brega com ritmos atuais. Sinto Muito, seu álbum de estreia, é de 2018, mas só agora ela vem colhendo os frutos desse trabalho. Duda participou com sucesso do trio elétrico de Ivete Sangalo, em março, brilhou no Lollapalooza, festival de música alternativa, e lançou uma versão de Deixa Eu te Amar, sambão joia do cantor Agepê.
Céu
A paulistana está para a nova geração assim como Marisa Monte esteve para as intérpretes de MPB dos anos 1990. Mais do que uma artista de sucesso, ela é uma fonte de inspiração. APKÁ! (o nome vem do primeiro som produzido por Antonino, filho de Céu com o baterista Pupilo), é uma espécie de continuação de seu álbum anterior, Tropix (2016). É um trabalho de pegada rock e eletrônica, com canções de alto poder radiofônico – casos de Coreto, um soft rock, e Forçar o Verão, com sabor de tecnopop.
O Terno
O trio formado por Tim Bernardes (guitarra e vocais), Gabriel Basile (bateria) e Guilherme D’Almeida (baixo) cresce a olhos e ouvidos vistos. Um bom exemplo é seu mais recente álbum, <atrás além=””></atrás>. A principal referência é os anos 1960, em suas mais diferentes variações: grupos psicodélicos, orquestrações inspiradas em Beatles e Beach Boys. Mas também olham para os ritmos brasileiros, como bem mostra o samba Biel/Bielzinho.
INTERNACIONAIS
Rival Sons
Num ano em que a banda Greta van Fleet, uma pálida imitação do Led Zeppelin, foi a mais comentada no meio do rock, a americana Rival Sons foi de fato a que lançou um dos melhores álbuns do estilo. Feral Roots é uma feliz união entre o hard rock dos anos 1970 com sonoridades atuais. Os shows da banda ainda estão entre os melhores da temporada.
Lizzo
A cantora, rapper e flautista americana finalmente chegou ao topo das paradas com uma sonoridade inclassificável. Lizzo mistura essas influências para criar uma música dançante e palatável. Ela ainda brilhou no cinema: é umas das strippers do filme As Golpistas, estrelado pela atriz Jennifer Lopez.
Michael Kiwanuka
O soulman inglês lutou contra a própria gravadora porque elas achavam que seu sobrenome — Kiwanuka, de origem ugandense — o tornava menos vendável. Ele venceu o braço de ferro, estourou na trilha sonora da série Big Little Lies, e recentemente lançou um álbum de soul moderno. A faixa de abertura, You Ain’t the Problem, faz ironia aos queixumes de sua companhia.
Nick Cave
Em 2015, Arthur, um dos filhos do cantor e poeta australiano Nick Cave, morreu ao despencar acidentalmente de um penhasco. Cave processou a perda e a exorcizou em Ghosteen. Dividido em duas partes – Crianças e Pais – e basicamente orquestral, ele traz toda a dor da perda concentrada em canções como Waiting for You (Esperando por Você) e Hollywood.