Rio ganha novo ponto turístico com sucesso de ‘Ainda Estou Aqui’
Filme com Fernanda Torres faz icônica casa na Urca se tornar alvo de visitas

O sucesso de bilheteria de Ainda Estou Aqui anda refletindo para além das telas de cinema — tem impactado até o turismo no Rio de Janeiro. Fãs do filme de Walter Salles tornaram a casa na qual foram feitas as gravações em um novo ponto turístico da cidade, levando uma movimentação atípica para a até então pacata Urca, bairro bucólico da Zona Sul. Leila Bokor, 73 anos, aposentada, admite que desde que assistiu ao longa sentia vontade de visitar o imóvel, mas a vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro impulsionou a movimentação. “Vi o filme, me apaixonei, puxei até palmas no final da sessão a que assisti. E fiquei apaixonada pelo silêncio do filme, não teve violência nenhuma, mas você entende a violência naquilo tudo. E é uma curiosidade para ver a casa. Somos fãs da Fernanda e da mãe dela. Sabia que ela ia ganhar”, disse à coluna GENTE, no começo da tarde desta terça-feira, 7.
A se medir pelo sucesso do vaivém de câmeras e selfies (veja fotos abaixo) apontadas para o quintal fincado na esquina da rua José Luiz Alves com Roquete Pinto, a magia cinematográfica acontece por ali: se antes outra casa do bairro, a do Rei Roberto Carlos, merecia atenção, agora o endereço de peregrinação é outro. A família de Rubens Paiva e Eunice Paiva, com seus cinco filhos, habitou uma casa no Leblon nos anos 1970. Como a especulação imobiliária acabou com as casas na orla carioca, a produção do filme precisou optar por uma parecida à realidade justamente na Urca.
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A movimentação em frente à residência de dois andares, de baixos muros de pedra bege e portão branco, além de janelas verdes, é tanta que não seria exagero afirmar que o bairro, já habituado aos turistas, ganhou novo cartão-postal. Agora, a residência que na ficção serviu de moradia da família Paiva rivaliza em flashes com a Mureta da Urca, a vista para a enseada de Botafogo e, claro, o bondinho do Pão de Açúcar. A dentista Luciana Diniz, 54 anos, saiu de Minas Gerais com a família para visitar a casa a pedido da caçula, Elisa Tavares de Souza. “Ela saiu do filme muito emocionada, acompanhou o Globo de Ouro. Chegamos ontem ao Rio, e ela pediu para vir. Ainda não fizemos nada na cidade, antes de fazer qualquer programa ela quis vir aqui”, contou. Também em uma viagem de família, o jornalista Márcio Maturana, 53, veio de Brasília para conhecer a Cidade Maravilhosa, mas não deixou passar em branco uma ida ao já icônico local. “A casa é histórica e agora está em evidência pelo filme, achei impressionante. Fomos ao Pão de Açúcar e viemos aqui, um programa duplo.”
O corretor do imóvel Marcelo Dias afirma que a casa está avaliada em 3 milhões de dólares, o equivalente a 18 milhões de reais. “Há uns quatro anos, veio a equipe do Walter Salles em busca de uma casa idêntica à da (avenida) Delfim Moreira, no Leblon. Entrei em contato com os proprietários e, apesar do receio, resolveram fazer a locação. A casa foi toda modificada para o filme e está sendo reformada de novo. Mas essa é a média de preço de casas como essas na região e o retorno do filme tem sido positivo”, comentou. É preciso marcar horário de visitação interna diretamente com Marcelo, que atende todo tipo de público — os que são apenas curiosos e os que, de fato, têm interesse por um teto no bairro.
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Apesar do aumento de turistas no bairro, a movimentação não tem perturbado a vizinhança — é, inclusive, vista de maneira positiva. “A ditadura atropelou nossa juventude. Fomos todos sacrificados de uma maneira ou de outra. Essa movimentação é superpositiva, porque mostra que as pessoas estão se tocando. Só a consciência tocada transforma a realidade. Me lembro que assim que o filme saiu um casal jovem veio três vezes aqui”, afirma Niceli, 81, que mora ao lado e fica de olho na chegada de turistas. A maioria dos fãs curiosos que chega para tirar foto não tira o sossego de moradores. “As pessoas perguntam sobre onde fica a casa, principalmente desde a semana passada. Eles chegam, tiram fotos e vão embora, isso não incomoda”, comenta o segurança Rodrigo Oliveira Cruz, 45.
Após as filmagens, o ambiente de 460 metros quadrados foi todo modernizado, com piscina, churrasqueira e até um elevador. Enquanto aguarda novos moradores, a casa, agora eternizada no filme de Walter Salles, vai fazendo sucesso na expectativa geral pelo sonhado Oscar.






