Reitor da PUC-Rio, Anderson Antonio Pedroso: ‘sou CEO para os pobres’
Padre jesuíta com formação em Design é o convidado do programa semanal da coluna GENTE
Há dois anos e meio, parte da azáfama que toma conta dos pilotis da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) debate a polêmica gestão do seu reitor, o padre paulista Anderson Antonio Pedroso, 49 anos. Nos últimos tempos, ele tem lidado com críticas ao cobrar metas e falar de corte de gastos com a mesma habilidade que um líder de grande empresa. O apelido de “CEO”, ele garante, não o atinge. Jesuíta tal como Papa Francisco, Pedroso é doutor em História da Arte Contemporânea e Estética Filosófica pela Universidade Sorbonne, de Paris. Em conversa com o programa semanal da coluna GENTE disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ e também na versão podcast no Spotify, Pedroso fala sobre os ambiciosos planos para fazer dessa tradicional instituição privada sem fins lucrativos um celeiro de 100% de bolsas gratuitas num prazo de dez anos, atualiza o antigo projeto de ter um curso de Medicina e comenta a fama que os detratores lhe impõem ao classificá-lo de farialimer. Cheio de disposição, o reitor expõe seus audaciosos planos para aqueles lados da Gávea, na zona sul do Rio, que tanto refletem na vida social do país. Assista.
DE OLHO NA CLASSE MÉDIA. “A minha angústia é que todas as classes sociais tenham lugar aqui na PUC, que seja realmente democrático (o acesso). E a classe média hoje está muito sofrida, quinhentos reais fazem diferença no orçamento de uma família. A gente está procurando dar pequenas bolsas, mas constantes, para que não perca o aluno. Não se pode mais perder talento, que ninguém deixe de estudar na PUC pela conta bancária. Agora, o sonho de tornar a PUC uma universidade gratuita é possível e nós já começamos”.
PRIVADA, MAS GRATUITA. “A gente retomou o fundo de investimento voltado para isso (bolsas), e na medida que os antigos alunos, os filhos, quem já passou por aqui, exitosos nos seus negócios… Na medida em que se cria essa tradição de comunidade, aumenta o fundo, a gente pode oferecer mais bolsas e chegar à totalidade. Até 2030, chegando a 500 milhões de reais do fundo, a gente consegue chegar na gratuidade. Mas é preciso conseguir o equilíbrio em dez anos”.
PORTAS ABERTAS. “Não é (a ideia) substituir a universidade pública, mas fortalecer um sistema de solidariedade em que a nossa universidade possa acolher as pessoas que têm talento e queiram fazer parte dessa tradição”.
ECONOMIA COMO FOCO. “A academia tem que estar ligada com a vida, o saber universitário tem que estar ligado com a promoção das pessoas não só internamente, mas fora, tem que produzir riqueza, tem que chegar renda. Esse pensamento econômico é irrenunciável para fazer o bem”.
CURSO DE MEDICINA. “O projeto está com tudo pronto. O que falta é o Ministério da Educação autorizar a PUC a ter sua (graduação em) Medicina. E não é qualquer medicina. Nosso projeto de medicina é comunitário, temos vários barcos humanitários na Amazônia já esperando para atender a população ribeirinha. Temos um hospital na Tijuca… Tenho esperança, mas não é mais uma questão técnica nossa. Falta autorização governamental”.
CEO DOS POBRES. “Sou um jesuíta, sou padre, sou sacerdote, estou à frente de uma universidade que tem uma tradição humanista, sou professor de Design, de pensar processos. Design não é pensar o copo, mas é pensar a sede, é voltado para o ser humano. Se querem me chamar de CEO com uma reta intenção, aceito. Agora, sou CEO de uma universidade sem fins lucrativos, então sou CEO para os pobres. Muita gente precisa entender isso. A gente só vai alcançar a igualdade neste país se tiver responsabilidade financeira, econômica e transparência”.
Sobre o programa semanal da coluna GENTE. Quando: vai ao ar toda segunda-feira. Onde assistir: No canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ ou no canal VEJA GENTE no Spotify, na versão podcast.