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Qual é a palavrinha fatal ao tirar visto de trabalho nos Estados Unidos

As dicas de Flávia Lloyd, ex-imigrante ilegal e hoje advogada de imigração brasileira, que atende famosos que vão ao país a negócios ou a lazer

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 jun 2022, 20h09 - Publicado em 24 jun 2022, 12h00

Flávia Lloyd, 43 anos, é advogada de imigração brasileira com atuação nos Estados Unidos há mais de vinte anos. Sua história de vida é repleta de superações. Nasceu e cresceu em Santos (SP), foi imigrante ilegal, morou de favor e chegou a dormir em um abrigo com seu bebê recém-nascido. Hoje, Flávia tem três escritórios na Califórnia e está abrindo a primeira unidade na Flórida. Sua carteira de clientes tem nomes como Marco Pigossi, Rafinha Bastos, Virgínia Fonseca, Zé Felipe, Neguinho da Beija Flor, entre outros. A seguir, o bate-papo da advogada com VEJA.

Qual é o perfil dos imigrantes brasileiros que pedem visto nos EUA?

Tem dois grupos bem distintos: o primeiro é o do entretenimento, que são individuais; mas a grande maioria que quer imigrar é de famílias, com duas ou três crianças, pessoal já formado, já estabelecido no Brasil e decepcionado com a direção do país.

Você tem vários clientes famosos. Alguma história interessante de algum deles?

Ah, não posso fazer fofoca (risos)! No ano passado, o cantor Vitão veio aos EUA com visto de turista, mas tinha turnê marcada. Então, começaram a sair notícias de que ele estava com visto incorreto, não tinha autorização para trabalhar. Nosso escritório foi contratado. Imediatamente falei para ele cancelar o show, pois perderia o visto de turista. Os shows foram cancelados, ele virou meu cliente e nossa equipe está com o processo aberto, fazendo o visto de trabalho dele.

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Sua história de vida é inspiradora. Que lição tira disso?

O meu lema é “só não tem jeito para a morte e para o imposto de renda, o resto a gente resolve”! Quando estou muito estressada, preocupada com alguma coisa, algo não está dando certo, lembro do fundo do poço. E o fundo do poço para mim foi a situação do abrigo com meu primeiro filho aos 15 dias de nascido. Então, penso: “Pior que aquilo não pode ser”. Claro que problemas de saúde podem ser piores, mas o meu foco são os problemas que podemos resolver.

Que dicas dá a quem quer tirar visto para trabalhar nos EUA?

Documentação, documentação e documentação. Seja coerente com a sua narrativa. Se você vem aos EUA passear, tenha a intenção de passear. Fale a verdade, traga documentos que apoiem a narrativa que está apresentando no consulado. Parece bobagem, mas se preparar para a entrevista é fundamental. Não pode chegar com visto de estudante e falar que tem intenção de “morar” nos EUA. Vão negar imediatamente. A mentira é uma palavrinha fatal para o seu visto.

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Os brasileiros ainda são vistos de forma pejorativa pela imigração americana?

Infelizmente há muito rolo com brasileiro, né? Teve história de brasileiros que vendiam contas de Uber para o pessoal que estava ilegal, tem a das pessoas que casam só para pegar residência. Ai, Jesus! Infelizmente nesses rolos sempre tem brasileiro. Dá uma dor no coração ver nosso país sob essa lente tão negativa… Brasileiro igual a rolo, rolo igual a brasileiro.

Aumentou o número de pedido de vistos no governo Bolsonaro?

Olha, o pessoal está desanimado. Mas o sonho americano apela para qualquer lado, independentemente de posição política. Exceto claro, os membros do LGBTQIAP+, pois a homofobia, a transfobia… Isso aumentou muito.  Sempre me mostram um motivo para sair do Brasil.

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