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Por que Bolsonaro foi a casa de Carlos Vereza pedir ajuda

De discos voadores a ataques à milenar tradição da ayahuasca, ator dispara opinião polêmica para tudo quanto é lado

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Giovanna Fraguito Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 Maio 2024, 00h28 - Publicado em 5 jul 2023, 07h01

Carlos Vereza, 84, estreou dois curtas no Festival de Cinema de Vassouras. Durante o recente evento no sul-fluminense, gerou polêmica ao negar a existência de crianças trans. Conhecido apoiador de Bolsonaro (PL) durante as eleições de 2018, diz que rompeu com ele após a condução da pandemia. O ator também gosta de contar que vê discos voadores da janela de casa, na Barra da Tijuca, no Rio. Vereza mantém a mesma linha polêmica em suas produções – repletas de teoria da conspiração. Em Vinho dos Mortos demoniza a tradição milenar do chá da ayahuasca. Em Frankfurt discorre sobre uma suposta nova ordem mundial, que dominaria governos, mídia e população para “criação” de conflitos. A seguir, a conversa com a coluna.

O senhor fez declarações consideradas preconceituosas ao afirmar que não há crianças trans. Não teme críticas por este posicionamento? O politicamente correto te inibe. E é uma das armas da nova ordem mundial, criadas exatamente para dividir a sociedade. Você não tem mais a cordialidade, porque está correndo risco de ser preso. No meu filme, são os clichês que adotaram com o projeto da nova ordem mundial, que nos reprimem e nos inibem de brincar com um amigo, de conversar… Por qualquer coisa você pode ser tachado de racista. O fascista politicamente correto.

O senhor não acha que a mudança de pensamento seria positiva para a sociedade? Não acho. Tudo é manipulação, vide a passeata de domingo (a Parada Gay de São Paulo), onde usaram crianças de 7, 8 anos, como se tivessem livre-arbítrio de escolher.  E você repara que raríssimos protestaram. Então, eu não sou pessimista, mas acho que não tem mais volta. Esse tipo de divisão projetada da humanidade não tem mais volta.

Até os discursos contra o preconceito? Acho que uma pessoa maior de 18 pode escolher o time de futebol, pode escolher se quer usar sapato alto, tênis ou boné. Mas o que eu estou te colocando é que essa escolha também estaria sendo induzida por um lobby extremamente sofisticado, que vai perpassando através de um glamour, vem através de uma programação de televisão. Repetitivamente.

Tem dificuldades de fechar parcerias para trabalhos por causa dessas suas colocações? Claro. Quem vai querer um cara que fala o que eu falo?

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Te chamam menos para atuar? Escrevo minhas coisas, monto, saio por aí montando minhas peças quando posso. Fiz o meu primeiro longa, O Trampo, ganhei dois prêmios na Itália. Aí não tenho mais dinheiro para fazer longa, fiz um curta, de 12 minutos. Não estou de vítima não. Só que me recuso a ver uma civilização judaico-cristã sabotada cientificamente e não tomar nenhuma atitude. A civilização judaico-cristã, que começa com os dez mandamentos de Moisés, tem defeitos? Tem. Mas criou os direitos dos homens, o acesso à cultura de maneira multifacetada, trouxe os grandes poemas. Mas isso está acabando.

O senhor critica a TV, mas pensa em voltar a fazer algo? Se me chamarem eu volto, porque é a minha profissão.

Muitos artistas que declararam apoio a Bolsonaro foram criticados. Há um boicote em curso? Eu não sou de direita. Eles ficam confusos comigo, porque sou livre-pensador. O Brasil discute política como se fosse um jogo de futebol e eu vou pelo meio, pela complexidade. Talvez por sermos dos trópicos, não temos a tradição da complexidade, como o europeu tem. No Brasil, você ou é Vasco ou é Flamengo. A discussão binária é transplantada para discussão política. Tem colegas meus que nem falam mais comigo. Porque a coisa ficou muito difícil.

E como avalia os primeiros meses de governo Lula? Tenho que voltar um pouco, em 2006 no programa do Jô Soares, eu disse: “O Lula é o Ali Babá e o PT são os 40 ladrões”. O Bolsonaro foi um raio que caiu quando o sistema não esperava. Era a possibilidade do Lula voltar através do Haddad 2018. Bolsonaro foi à minha casa pedir ajuda para vencer a eleição, falei: ‘Vou ficar te olhando’. Quando ele levou a facada, eu o apoiei publicamente. Quando ele teve comportamento absurdo durante a pandemia, parei de apoiá-lo. Sou assim. Mas quem é PT não muda de opinião, é uma seita. Conheço o Lula há muito tempo. Lula finge que é analfabeto, finge que não tem informação, mas é um dos braços do progressismo e do globalismo.

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Como assim? Ele finge que vai proibir o MST de invadir terra, mas é mentira. Uma eleição estranha, que foi decidida com logaritmo. Houve interferência. Há tribos indígenas que votaram no Bolsonaro e essas urnas não foram computadas. Mas Bolsonaro é tão populista quanto Lula. O Brasil tem que sair dessa tradição de sempre reivindicar o pai dos pobres. Temos que nos organizar enquanto sociedade. Qual é a característica do populista? Não deixar o povo pensar por si próprio.

O senhor é amigo da Margareth Menezes, ministra da Cultura? Eu não. Como Lula dá 10 bilhões para a cultura e 2 para o agronegócio, que mantém o nosso PIB.

O senhor é o primeiro ator a não defender o apoio à cultura. Mas essa cultura dela é uma cultura que vai favorecer a esquerda dela, ela não consegue falar nada numa entrevista. Quem é que sustenta economicamente o país? É o agronegócio. Eu não sei se é de esquerda ou de direita, mas é ele. E a gente não só alimenta nossa economia com o agronegócio, como exporta. Aí você bota Margareth, talvez seja uma boa cantora, sei lá, eu nunca ouvi. Mas não pode dar 10 bilhões para a cultura. Tinha que dar 10 bilhões para o agronegócio. E que cultura o brasileiro tem? Vai montar os grandes autores? Vai montar clássicos? Não vai. Eu não vou entrar em nomes. Mas quem vai se beneficiar da Lei Rouanet e da Ancine são aqueles mesmos.

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O senhor ainda vê óvnis da janela de casa? Sim. Sou ufólogo. Faço parte de um grupo de ufologia de Curitiba. Graças a Deus, já vi muitos discos voadores. Moro na Barra da Tijuca e minha varanda dá para a Pedra da Gávea. Parece que é um portal. O Roberto, meu amigo, trabalha comigo há anos, filmou os dois discos. E já vi vários.

E por que apareceriam justamente em frente a sua varanda? A Pedra da Gávea, dizem, foi esculpida pelos fenícios, tem um rosto imenso lá. E não é possível que aquilo não tenha sido feito a laser. Às vezes estou na varanda e eles param. Te juro que é verdade. Não sei se eles vão lá para se recarregar ou se tem alguma energia. Mas eles estão sempre lá.

Por fim, o senhor tomou a vacina da Covid? Tomei. Mas essa ambivalente não vou tomar. Estou desconfiado. Não vou entrar na teoria da conspiração de achar que as vacinas foram feitas para dizimar a população, não, não acho isso. Elas foram feitas na pressa, empiricamente. As pessoas morrendo e então vamos lá… É o que tinha. Eu sou ave rara, porque penso complexamente. Entre o isso e o aquilo tem um talvez, o talvez é muito mais rico.

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