Paulo Betti: ‘Sei de todos os meus colegas que votaram no Bolsonaro’
Ator, que lança ‘Autobiografia Autorizada’ é o convidado do programa semanal da coluna GENTE
“O homem é um animal político”. A frase atribuída a Aristóteles diz muito sobre a forma como as pessoas se posicionam em relação aos mais diferentes assuntos em suas conexões sociais pela sobrevivência em comunidade. Paulo Betti, 72 anos, formado pela Escola de Arte Dramática da USP, com passagens no teatro já nos anos 1970, em plena Ditadura Militar e, a partir da década seguinte, com trabalhos marcantes na TV Globo, recorda seus atos (políticos, por que não) ao longo de sua trajetória. Se no recém-lançado livro Autobiografia Autorizada (ed. Geração Editorial), ele rememora a infância e a adolescência que lhe dariam a base de suas aptidões em cena; na entrevista a seguir, o ator passa a limpo outras de suas escolhas e convicções. Paulo é o convidado do programa semanal da coluna GENTE (disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ e também na versão podcast no Spotify). Assista.
DA FAMÍLIA HUMILDE ÀS ARTES. “Foi uma conjunção de fatores. A magia desse lugar em que fui criado… O fato da minha mãe e da minha avó serem grandes contadoras de histórias… As histórias que minha avó me contava, muitas são fábulas italianas. Ela era analfabeta, mas tinha tradição oral. Aquilo me encantou. Minha mãe era benzedeira. Formavam filas de pessoas na minha casa. Aí surge o trabalho social dos padres salesianos, que nos tiravam da rua e nos levavam para o colégio dos salesianos e ali nos despertavam para o teatro. E também a escola pública de excelente qualidade que tinha em Sorocaba”.
COLEGAS BOLSONARISTAS. “Sei de todos os meus colegas que votaram no Bolsonaro. Inclusive durante muito tempo consegui dialogar com eles, conversar… Mas tem uma hora que dá um certo enjoo. Gente, não é possível que a Regina (Duarte) não sabia da tortura que a Bete Mendes, por exemplo, sofreu. Uma colega nossa, da mesma idade que a Regina, Bete Mendes foi secretária de cultura em São Paulo, deputada federal diversas vezes. Bete é uma grande figura do meio artístico. Atriz que foi torturada pelo (coronel Carlos Alberto Brilhante) Ustra, pessoalmente pelo Ustra”.
DESVIO DE CARÁTER OU PSICOLÓGICO. “Sabendo de tudo isso, não consigo admitir… Mas a pessoa tem o direito. Ela tem o direito de expressar e dizer o que ela acha das coisas, e de ter lá três milhões de seguidores que ouvem o ponto de vista dela. E ela acusando de que não há democracia? Tem um desvio aí que não entendo se é psicológico ou de caráter mesmo. Não é possível. Agora, óbvio que todo mundo tem o direito de ser de direita ou de esquerda. Cada um adota a ideologia em que acredita. Acredito genericamente nos conceitos da esquerda”.
LEI ROUANET. “Como a Regina não acredita em Lei Rouanet? Deve acreditar. A gente está com a Lei Rouanet há quantos anos? Quase uns quarenta anos, lá do governo Collor. Ela precisa ser aprimorada, como todas as leis, mas facilita. Hoje existe uma distribuição maior”.
NO PALANQUE COM LULA. “Durante as gravações de Tieta, fazia campanha política para o Lula contra o Collor. Então estava viajando pelo Brasil, junto com o candidato Lula, numa campanha contra o Collor, me orgulho de ter feito isso também. Ao mesmo tempo, estava fazendo a novela Tieta, que é uma das mais vistas da história da televisão brasileira”.
ONDA DE REMAKES. “Gosto de ver remake, vi diversos remakes agora e gostei. Porque por acaso não tinha visto na época. Pantanal, por exemplo, que fez um tremendo sucesso na época, estava fazendo teatro e não conseguia ver a novela na hora que passava”.
Sobre o programa semanal da coluna GENTE. Quando: vai ao ar toda segunda-feira. Onde assistir: No canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ ou no canal VEJA GENTE no Spotify, na versão podcast.