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O laço ‘emocional’ entre Brasil e África do Sul, segundo pesquisadora

Marcella Granatiere apresenta em livro a tese de doutorado 'Memórias do Atlântico: Romances Contemporâneos do Brasil e em África do Sul'

Por Mafê Firpo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 18 Maio 2025, 13h00

Mesmo com um oceano de distância, o Brasil e a África do Sul estão mais perto culturalmente do que se pode imaginar. Essa é a questão pesquisada por Marcella Granatiere, 53 anos, no livro Memórias do Atlântico: Romances Contemporâneos do Brasil e em África do Sul (ed. Multifoco), resultado de uma tese de doutorado defendida no departamento de Letras da PUC-Rio. A obra aborda quatro escritoras mulheres que mostram laço afetivo e histórico entre as duas nações. Em entrevista à coluna GENTE, a pesquisadora explica que o principal ponto de encontro entre elas é o ato político de escrever – muitas vezes silenciadas, as autoras usavam a escrita ficcional como maneira de impor suas vozes. Para Marcella, dar voz a elas ressalta o quanto a violência e o racismo ainda estão presente nos dias de hoje.

Por que decidiu fazer uma tese de doutorado sobre a conexão literária entre o Brasil e a África do Sul? Já trabalhei com a África anteriormente. No primeiro momento, a ideia era Brasil, África do Sul e Caribe. Aí retirei Caribe e comecei a trabalhar com África do Sul e Brasil. É uma interposição, uma superposição, não é uma literatura comparada tradicional. Faço vários ensaios e vou trabalhando no que os dois países têm de aparentemente distantes, mas que acaba aproximando-os. A pesquisa foi se modificando ao longo do período.

Qual foi a conclusão dessa pesquisa? Na verdade, a pesquisa não se fecha em si. São duas mulheres brancas. Deborah Dornellas e Eliana Alves Cruz no Brasil, e Nadine Gordimer e Kopano Matlwa na África do Sul. Trabalhei com a questão da memória de eventos históricos, o apartheid e a escravidão – no caso, o apartheid na África do Sul e a escravidão no Brasil. É um campo que fica ainda em aberto, trabalhei pontos que podem dar algum desdobramento ou continuação.

E o que trabalha nestes ensaios? Trabalho com essa questão da memória entre geração, passando de diferentes gerações, e a questão do ato político de escrever das mulheres. Como elas se colocam através dos escritores, se colocam através da sua ficção e no modo que se apresentaram e apresentaram a sua sociedade dentro do seu trabalho, dentro do seu enredo.

Isso seria o ato político delas? A questão do ato político de escrever não é uma questão partidária, orientação política no sentido partidário. O ato político de escrever é como elas expõem, se colocam também nessa escrita e pensam a sua sociedade. Quando você escreve, tem uma intenção. No caso da escrita de ficção, elas passam uma mensagem, a visão delas sobre fatos históricos dentro da ficção. O ato da política de escrever está nessa questão delas ao usarem a ficção para pensar e fazer pensar o leitor sobre questões que estão acontecendo no cotidiano das suas sociedades.

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Por que analisar romances de mulheres? A escolha por elas foi por entender que a escrita feminina, a escrita ficcional de mulheres, acontece do ponto de vista de usar a sua escrita como forma de representar a sua sociedade. Ela acontece desde os tempos coloniais, só que muitas dessas escrituras foram intencionalmente esquecidas ou radicalmente apagadas.

A escrita delas é uma forma de combater o machismo? Como pesquisadora, é positivo usar esse espaço para privilegiar vozes que hoje, de certa forma, são ouvidas, mas não ainda do jeito que deveriam. Acho que é uma forma de combater um machismo, combater o estereótipo que se pensa de uma escrita feminina ou uma ficção escrita por mulheres. O diálogo que elas trazem, como escritoras de ficção, vai muito além do que se espera da imagem que é criada da escrita das mulheres.

Qual é o lugar das mulheres na relação de conexão entre os dois continentes? Nessa interligação, a questão Brasil e África do Sul é um ponto interessante, frequentemente os dois países são comparados, buscando similaridade. No caso da visão das mulheres dessa aproximação dos dois continentes, é o fato de elas escreverem para pensar e tirar o seu leitor da zona de conforto em relação à história de seus países. No caso de botar um ponto de interrogação naquilo que se é dado como certo, como a África do Sul, que  acreditava que o período da democracia seria o fim de determinadas opressões e não foi. No caso do Brasil, a gente também vive esse momento de confronto, de tentar entender e rever pontos da nossa história que ficaram silenciados.

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Qual é o ponto de contato dessas questões? Uma delas é a violência. Uso o conceito de uma escritora sul-africana, ela fala de violência vernacular, ao comparar a violência urbana, principalmente a violência contra os negros. Mas ampliei um pouco essa ideia que ela usa de violência vernacular. O que significa isso? Ela compara a violência contra a mulher, a violência urbana, com uma língua, com um idioma. Uma outra questão é a questão do racismo, que acontece de formas muito distintas nos dois países. Isso é também questão contemporânea, mas vem acontecendo e se transformando ao longo dos anos. Não é algo isolado.

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