O embate político mais repetitivo do ano: Nikolas Ferreira e Erika Hilton
Deputados estão em uma briga direta desde 2023

Não há dúvidas que Nikolas Ferreira (PL-MG) e Erika Hilton (PSOL-SP) não chegam perto de ter uma relação amigável. Toda essa birra começou em março de 2023 – e se estendeu ao longo de 2024.
A data era comemorativa, dia das mulheres, 8 de março. Na ocasião, o deputado mineiro decidiu subir no palanque da Câmara para discursar. A fala, no entanto, desagradou alguns pares, especialmente Erika, não por menos, por seu teor transfóbico. Nikolas colocou uma peruca loira e disse estar em seu “lugar de fala” por agora se identificava como “mulher”. O processo foi alvo de um processo no Conselho de Ética por transfobia, mas logo arquivado. “Sintomático que a mesma Câmara que está perseguindo deputadas mulheres vote por arquivar a denúncia que fiz contra Nikolas Ferreira por transfobia, apenas enviando uma censura escrita”, reagiu Erika na época.
Mais de um ano se passou dessa briga, que ainda não cessou. Em uma sessão conjunta da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher na Câmara dos Deputados, Nikolas fez outro ataque à deputada. Erika discutia com a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) chamando-a de “ultrapassada” e que precisava “se cuidar, pelo amor de Deus”. Nikolas presenciava tudo na mesma fileira que Erika – ao escutar as tais ofensas, decidiu responder fora do tom. “Pelo menos ela é ela”, disparou em um microfone para todos escutarem.
A deputada não deixou por menos. Acionou o Ministério Público Federal (MPF). Hoje pede uma indenização de 5 milhões de reais. “Por esse tipo de pensamento, demoramos tanto a ingressar no Congresso”, disse ela a VEJA. Erika é a primeira mulher trans a entrar no Congresso junto com Duda Salabert (PDT-MG), que também moveu um processo contra o deputado e ganhou uma indenização de 30 mil por danos morais. Que 2025, se não a paz, que eles encontrem a cordialidade nas discordâncias pelo bem do país.