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O efeito dos cultos evangélicos em universidades públicas

Antropólogo Rodrigo Toniol fala à coluna GENTE sobre a crescente presença da religião em instituições superiores

Por Mafê Firpo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 abr 2025, 14h45 - Publicado em 5 abr 2025, 12h00

Recentemente, vídeos de um culto na praça da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) dominaram as redes com uma enxurrada de críticas à instituição. Ao invés de festas com “chopadas” (regadas a cerveja e música), muitos estudantes estão preferindo fazer orações em grupos. Enquanto para uns os movimentos ligados à religião em faculdade sejam mal vistos, nem sempre o efeito gerado é negativo. Segundo o antropólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rodrigo Toniol, esse aumento cria uma maior diversidade dentro de salas de aula. “Isso tem implicação no modo de condução e o modo de reação dos alunos a determinados temas. Mas não é só reação negativa, estou falando em experiência de vida e o modo que se pensa o universo religioso. O número de evangélicos nas universidades públicas aumentou muito as experiências compartilhadas por eles na sala de aula também”, afirma em entrevista à coluna GENTE.

Em 1970, apenas seis por cento dos brasileiros se identificavam como evangélicos. O panorama mudou: hoje o grupo é de cerca de trinta e um por cento da população. E não é de hoje que os evangélicos ocupam as universidades públicas – em 1957, foi fundada a Aliança Bíblica Universitária do Brasil, com o intuito de mostrar que as instituições educacionais também são “espaços de devoção”. Entretanto,  movimentadas pela própria Igreja e por partidos de direita, discussões de que o espaço universitário era “dominado” pela esquerda sempre foram acaloradas.

O ponto de grande debate sobre essa presença é que, apesar de maior diversidade, o discurso evangélico ainda é ligado a falas preconceituosas. Considerado o último grande bastião” a salvo das rixas alavancadas por pregações neopentecostais, o meio acadêmico se vê cada vez mais “animado” no debate. Se antes os corredores universitários eram tidos como de alto “grau de contaminação político-ideológica” por parte de setores conservadores, agora eles são os novos territórios a serem dominados. O discurso de ódio não é unânime, claro, de parte dos evangélicos. “O jovem evangélico também está se descobrindo, aprendendo quem é ele. Muitos evangélicos que convivo são progressista, fazem parte de coletivos LGBTQIA+ e são feministas cristãs”, diz  o antropólogo.

Entretanto, utilizar espaços públicos dentro das universidades para fazer culto precisa ser regularizado. “Uso de conteúdo religioso dentro de instituições públicas é algo muito comum. Como princípio geral não há intolerância religiosa, é como as universidades costumam a se organizar”, ressaltou o antropólogo. Para ele, não há receita de bolo. Dentro do espaço democrático, os evangélicos vão testando suas doutrinas – o que não impede de, eventualmente, saírem para (quem sabe) as noitadas universitárias.

Ou seja, assim como a prática religiosa nos campi pode aproximar outras formas de pensamento, também pode fazer com que estudantes antes conservadores se abram para olhares mais progressistas. Afinal, eis um bom lugar para se aprender a viver em sociedade.

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