O desafio de empreendedoras de gastronomia fora do eixo Rio-SP
Conheça a história de quatro mulheres à frente de restaurantes badalados
A convite da coluna GENTE, quatro destacadas empreendedoras de gastronomia fora do eixo Rio-SP contam suas experiências e desafios com seus restaurantes. Conheça a história delas a seguir.
Economista e nutricionista, a executiva baiana Karine Queiroz é sócia fundadora do Grupo Soho, que, com mais uma inauguração prevista para 2024, somará oito restaurantes em Salvador (BA). Além do Soho, um dos primeiros restaurantes japoneses da cidade, ela é sócia do Lafayette, de cozinha mediterrânea; o italiano Pepo e sua padaria, a D’Pepo Padoca; o grego Fira; o A Taberna, de cozinha ibérica; a hamburgueria Zepp Smash Burgers; e o asiático Morea, previsto para inaugurar ainda em 2024. “Meu maior desafio é mostrar que aqui em Salvador também podemos ter gastronomia. Já foi bem mais difícil, não só com o público, mas também com mão de obra e insumos. Isso tem mudado com o crescimento da demanda, ainda tímida, mas é possível perceber diferença ao longo dos anos. Sigo otimista com o que vem por aí e tenho procurado fazer a minha parte”, diz Karine.
A chef Morena Leite cresceu imersa na cozinha do restaurante e pousada Capim Santo, em Trancoso (BA). Formou-se na escola de gastronomia Le Cordon Bleu, em Paris, em 1999, e trouxe ao Brasil uma visão de combinar cozinha saudável, técnica francesa e ingredientes brasileiros. Assim surgiu o Grupo Capim Santo, composto por vários restaurantes incluindo unidades em São Paulo e Trancoso. Ela também fundou o Instituto Capim Santo, que oferece capacitação gastronômica para jovens de escolas públicas, promovendo inclusão social. “Empreender fora do eixo Rio-São Paulo é estar antenada no que acontece no mundo, pensar global, mas agir local. É preciso respeitar e honrar a sua identidade em comunhão com as raízes do local onde você está. A mão de obra fora dos grandes centros sempre é um tema delicado”, analisa Morena.
Ariani Malouf é cuiabana de família libanesa e, aos 15 anos, já ajudava no pequeno buffet tocado pela mãe, Leila Malouf, em Cuiabá (MT). Formou-se em gastronomia pela Le Cordon Bleu, de Paris, e de volta ao Brasil, abriu o Mahalo Cozinha Criativa, pioneiro em culinária contemporânea no Mato Grosso. Além da atuação no restaurante, ela está à frente da cozinha do Buffet Leila Malouf e do Mahá, com unidades em São Paulo e Cuiabá, e do Mandaloum, com um time de chefs que compõem sua equipe. “Do ponto de vista da gestão do negócio, conseguir mão de obra, mesmo sem qualificação, é um grande desafio. Cuiabá é um estado gigante em tamanho e com população de um bairro de São Paulo. Além de ser o celeiro do mundo para o agronegócio, tem muitas riquezas que brotam na terra, além dos peixes abundantes nos rios que atravessam todo o estado. Estamos no centro geodésico da América Latina, com três biomas extraordinários”, elogia Ariani, sobre o potencial da sua região.
Por fim, nascida em Salvador (BA), Lisiane Arouca é formada na Faculdade de Belas Artes (UFBA), e encontrou sua manifestação artística na confeitaria. Formou-se em Gastronomia e hoje comanda o Grupo Origem ao lado do sócio e marido Fabrício Lemos, que também é chef. O Origem conta com quatro casas na capital baiana; e Lisiane, ao lado de Fabrício, também comanda os restaurantes do Fera Palace Hotel, onde a dupla assina o conceito de alimentos e bebidas. “Esse mercado sempre foi tudo muito difícil. Principalmente porque nossa proposta é servir menu degustação, algo que não existia em Salvador. Sempre batalhamos para promover o turismo gastronômico. A gastronomia baiana é muito rica – com 5 biomas diferentes, insumos maravilhosos. Hoje temos seis restaurantes diferentes e tentamos trazer o olhar de fora para conhecer a gastronomia de Salvador. É um desafio, mas permanecemos atuando para que todos se beneficiem, lembrando que o setor de restaurantes é responsável pelo emprego de muitas famílias”, defende Lisiane.