O brasileiro que tinha encontro marcado com papa Francisco para maio
O médico Alexandre Kalache foi convidado a participar de um simpósio no Vaticano

O médico Alexandre Kalache, uma das maiores autoridades brasileiros sobre envelhecimento, recebeu há alguns dias um convite do papa Francisco, para participar do Simpósio sobre a Memória, a ser realizado nos dias 9 e 10 de maio de 2025, na Casina Pio IV, na Cidade do Vaticano.
Mesmo com a morte do papa nesta segunda-feira, 21, o evento foi mantido. Em conversa com a coluna GENTE, Kalache falou a respeito: “Foi com imensa alegria que recebi o convite para participar de uma reunião intimista com papa Francisco. Fui moldado, ainda adolescente, pela Reforma do Vaticano pelo papa Pio XXIII, fui voluntario da Igreja no Rio liderada por Dom Helder Câmara. Olho para a Igreja como fonte inspiradora de mudanças. Papa Francisco foi, sem dúvidas, um homem que sempre esteve voltado para a inclusão e a tolerância. Seu legado de inclusão inspira pontes. Também fico feliz de ter a notícia, neste mesmo dia de sua morte, que o Simpósio se realizará, porque eram esses os seus desejos”.
Este encontro somente para convidados deve explorar os desafios e oportunidades apresentados pelo envelhecimento da população global, com ênfase particular na necessidade das sociedades planejarem o apoio à dignidade e à segurança de seus idosos. O evento é organizado pela Pontifical Academy for Life, Età Grande Foundation, o Memorial Papa Francisco e AARP, a maior organização social-missionária do mundo dedicada a capacitar idosos a escolherem como viver à medida que envelhecem.
Aliás, um detalhe curioso e pertinente a ser dito sobre a recente luta de Kalache no campo da gerontologia. O médico chama a atenção para o fato de que o atestado de óbito do Papa indicar que a causa da morte foi um AVC e insuficiência cardíaca. “Não fosse a campanha intransigente que fizemos ao longo de 2021/22, que contribuiu decisivamente para impedir que velhice pudesse ser um código válido na Classificação Internacional de Doenças, poderíamos correr o risco de saber hoje que o Papa teria morrido de ‘velhice’, com o potencial de vermos essa tolice repetida mundo afora. Assinalo o fato, pois ilustra a importância de, seja qual a idade de nossas mortes, termos o direito de que a causa seja definida com nome e sobrenome”.