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‘Nós somos profanos’, diz Letícia Colin, ousadíssima em ‘Todas as Flores’

Atriz, que estreia como vilã em novela do Globoplay, conversou com VEJA

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 dez 2022, 12h05 - Publicado em 2 dez 2022, 12h00

Letícia Colin, 32 anos, é a vilã Vanessa de Todas as Flores, novela de João Emanuel Carneiro. A trama estreou no Globoplay, depois da reviravolta interna que a tirou da grade da TV Globo (a novela estaria no lugar de Travessia). A atriz promete muitas maldades, principalmente com a irmã, deficiente visual, vivida por Sophie Carlotte. O público tem acompanhado não só isso. As cenas com Caio Castro, com nudez e sensualidade, estão dando o que falar. Em conversa com a coluna, Letícia se aprofunda nos questionamentos trazidos pelo seu trabalho.

Como é viver uma vilã de João Emanuel Carneiro em Todas das Flores? É a minha primeira vilã declarada, é uma emoção gigante, ainda mais fazer uma vilã na obra de João Emanuel, que é um autor que tem vilãs ontológicas. E eu sempre gostei de interpretar vilã, desde criança. Uma das primeiras personagens que fiz no teatro foi uma bruxa muito malvada. Essa brincadeira de poder acessar esse lugar e fazer uma crítica também, isso é o mais poderoso.

Como assim? A gente consegue ilustrar o mal, criticando, dando nome e endereço, para uma coisa que temos todos dentro de nós. A vilania está associada ao egoísmo, que é o grande mal da humanidade. O mundo está assim, porque as pessoas querem ter muito só para elas, só para os delas.

E qual é o seu lado vilã no dia a dia? Muitas vezes eu desejo apenas o meu prazer. Tenho a fantasia de que o meu desejo seja atendido, independentemente do outro. Isso é muito associado ao egoísmo, estamos todos sujeitos a cair nesse lugar. Eu posso acessar sim, principalmente se eu estiver muito cansada, muito revoltada com a situação do país.

Em que momento você deixa isso aflorar? Quando estou sozinha, é quase um procedimento de segurança para não machucar ninguém. Porque a gente sente as coisas, é atravessada pela pressa, pelo desejo. Sublimar esses sentimentos não é bom. Faz parte do ser humano sentir coisas nem sempre iluminadas, nós somos sombrios, profanos.

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Como controla esse ímpeto? É sentir e conseguir canalizar essa energia para outro lugar. Costumo tomar um banho, procuro escutar música, escrever um pouco, chorar, são coisas que ajudam a aliviar…

Que cena mais te chamou atenção até aqui? Uma que a gente acabou de gravar e que eu, como Vanessa, levo a Maíra (Sophie Charlotte), para mergulhar no mar. Maíra é uma personagem de Pirenópolis, que não conhecia o mar. Um dia, levo ela para mergulhar, mas ela não saber nadar, precisa da minha ajuda para guiá-la por causa da sua condição de PCD. É interessante a mistura dos sentimentos da Vanessa, de proteção com a irmã, e também de inveja. Passam coisas terríveis pela cabeça dela no mar.

A novela iria ao ar na TV aberta e depois foi para o Globoplay. A mudança foi frustrante? Não, não foi não. O streaming é uma maravilha, celebro muito as novas possibilidades que a gente tem de escolher o que quer ver e como fazer isso, é muito bom.

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Houve alguma mudança real nas gravações com essa mudança? Ela acabou tendo um número de capítulos diferente, diminuindo para 85 capítulos, que do ponto de vista dramaturgo e da narrativa traz uma agilidade enriquecedora para a história. A série tem mais velocidade, é mais cativante, tem muitos ganchos, não consegue parar de ver…

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