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Majur reflete sobre suas lutas: ‘Sou muitas. Sou trans, negra, nordestina’

Cantora, que acaba de lançar o single ‘Tudo Maré’, é a convidada do programa semanal da coluna GENTE

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 nov 2024, 14h31 - Publicado em 4 nov 2024, 13h39

Do alto de seu 1,93m, deixando à mostra uma das longas pernas, unhas brancas imensas, voz suave, palavras certeiras e risada fácil, Majur espalha simpatia – e baianidade – assim que chega ao estúdio. Convidada do programa semanal da coluna GENTE disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ e também na versão podcast no Spotify, a cantora baiana de 28 anos acaba de lançar o single Tudo Maré, inspirada por uma desilusão amorosa que pôs fim a seu casamento de quatro anos com o coreógrafo Josué Amazonas. Passada a fase de depressão, é hora de voltar a sorrir. Em suas músicas, Majur traz sonoridades que lembram James Brown, Aretha Franklin, Tim Maia e Fat Family para falar de amor e de si mesma. A artista teve um início de carreira potente, participando da música AmarElo, de Emicida. E já arrancou elogios de Caetano Veloso, de Ivete Sangalo, da ministra da Cultura Margareth Menezes, dentre outros nomes. Nesta entrevista, ela reflete sobre as dores e delícias de sua trajetória.

FASES DE UM TÉRMINO. “Finalizei meu relacionamento em setembro do ano passado, na realidade foi em agosto, estava protelando as notícias para as pessoas, porque sou bem reservada. Não sabia como reagir ou agir. Era um casamento representativo. Primeira pessoa trans negra a se casar. Tinha todo um peso. E a gente estava vivendo outra coisa. E assim foi um ano, mas não consegui não esconder dos meus fãs”.

MÚSICA DEPOIS DA DOR. “Aprendi que a gente não deve pular os nossos sentimentos ou tentar privar de sentir. Para mim, naquele momento era continuar o trabalho, os shows, mas não é a verdade. Quando a gente termina, é a vala mesmo que a gente encontra. (…). Essa música vai ensinar as pessoas a sofrer o que tem que sofrer”.

OLHANDO O MUNDO. “Minha forma de enxergar o amor era doar tudo, fazer tudo. E talvez, para o outro lado, e para as diferenças de existência, de como você existe no mundo, é aí que rola um embate. Tive o apoio da minha família, não sei se para ele foi da mesma forma, ele tem a história dele. E quando a gente se intersecciona, sou demais, sou intensa. Tento me recortar e caber, mas não dá”.

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SER QUEM É. “Senti a representatividade no meu corpo depois que as pessoas começaram a falar. Não era algo projetado, fui indicada para. Só que aí também existe uma confusão do ‘o que você faz agora? Vai começar agir da forma que a sociedade precisa para que todo mundo mude ou vai ser você mesmo?’. E eu sou eu mesma. Isso que as pessoas necessitavam ver, a realidade de uma pessoa trans, negra, nordestina, filha de mãe solo, passeando o Brasil inteiro representando”.

O programa é gravado diretamente do Casacor Rio, no shopping Fashion Mall, no espaço da arquiteta Ana Cano; produção de Patricia Def; e conta com captação de imagens de Adaga Midia Businness.

 

 

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