Ivanir dos Santos entra com representação contra Ludmilla: ‘É crime’
Pesquisador e babalaô se revolta com frase preconceituosa exibida em show de cantora
Há 40 anos atuando em prol das liberdades, dos direitos humanos, das pluralidades contra racismo e intolerância religiosa, o babalaô Ivanir dos Santos recebeu com surpresa e indignação a notícia de que Ludmilla exibiu em seu show no Coachella, Estados Unidos, uma frase preconceituosa. Em conversa com a coluna GENTE, Ivanir – que também é professor no Programa de Pós-graduação em História Comparada da UFRJ – conta que está entrando com uma representação pública contra a cantora, para que ela se manifeste imediatamente, sendo este o primeiro passo para um processo por discriminação religiosa.
“É muita contradição dela, sendo uma mulher preta, LGBT+. Tudo que ela sofre de preconceito devolveu de volta. Ela ataca a cultura de seus ancestrais, mesmo sendo evangélica. O que uma pessoa negra contribui ao agir assim? Nada. Pior ainda foi saber que a diretora da produção dela é uma mulher trans. Só piora, porque o artigo 20 da Lei Caó, que usaremos contra essa atitude, é o mesmo que deu proteção ao setor LGBT+ da sociedade. Essa frase do show é tão ofensiva ao povo negro quanto uma suástica contra judeus. Ela cometeu um crime e precisa responder por isso”, desabafa Ivanir.
O estudioso foi consultor da série Arcanjo Renegado, do Globoplay, em que Ludmilla atuou como atriz pela primeira vez. Ela interpretou uma policial militar que perseguia bandidos que atacavam um terreiro de candomblé numa comunidade carioca. “Essa desculpa agora dela de que não sabia direito o que estava falando no palco, ou que tiraram do contexto, não é verdade, porque ela própria teve aula sobre isso, atuou na série sobre esta questão. Falo como testemunha, porque estive na gravação”, continua Ivanir.