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Fernanda Machado: ‘Pai e mãe têm funções diferentes na criação do filho’

Atriz conversa com a coluna GENTE sobre os desafios de ser mãe, assunto de seu novo livro

Por Mafê Firpo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 20 abr 2025, 10h00

Longe das novelas desde 2018, Fernanda Machado, 44 anos, tem focado em compartilhar as reais experiências do que é a maternidade nas redes sociais. Diagnosticada com TDPM (Transtorno Disfórico Pré-Menstrual) há um ano, a atriz decidiu juntar seus relatos em um livro, Tudo o que não me contaram sobre a maternidade, em que abre o jogo sobre como o patriarcado e o capitalismo mantêm a estrutura da mãe “faz tudo”, ausentando os pais das responsabilidades. Em entrevista à coluna GENTE, Fernanda conta como deixou a carreira em segundo plano após ter o primeiro filho e, mesmo assim, ainda se sentia insuficiente em relação aos cuidados maternais.

Como era sua relação com a maternidade antes de ter um filho? Sempre quis ser mãe antes de ter filho, foi um sonho ser mãe. Cresci numa família grande, que era unida, minha mãe vem de uma com sete filhos, meu pai de uma com de quatorze, o tempo inteiro tinha neném novo chegando. A família sempre foi um pilar forte na minha vida.

Era uma visão romantizada do que é ser mãe? Minha visão não era romantizada, porque eu sempre vi minha mãe bem sobrecarregada. Minha mãe trabalhava meio período, cuidava da casa, da gente, nunca teve empregada, babá… Ela estava sempre equilibrando mil e um pratos. Quando tinha uns 12 anos, tive que começar a ajudar a minha mãe com a casa, com a comida, com a roupa e percebi já ali naquele momento que tudo ficava mais por conta dela, enquanto meu pai estava trabalhando fora o dia todo.

E como veio a decisão de ter filho? Sempre fui muito apaixonada pela arte e sabia que queria construir uma carreira, logo, deveria ser mãe mais para frente, depois dos 30. Sabia que dava trabalho ser mãe e precisava de tempo e liberdade para correr atrás da carreira. Mas, mesmo assim, a gente nunca sabe de fato o impacto que a maternidade traz para nossa vida, enquanto não está segurando um bebezinho no colo.

Sentiu-se sobrecarregada? Nós, mulheres, buscamos nossa independência, a gente passa anos e anos conquistando a carreira, independência profissional, financeira, e, de repente, quando se torna mãe, a matemática fica desequilibrada; e ficamos sobrecarregadas. Claro que me vi sobrecarregada depois que me tornei mãe, e percebi que todas ao meu redor estavam sobrecarregadas.

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O quanto isso afeta a saúde mental das mães? Nós, mães, estamos adoecendo, porque a matemática está desequilibrada, a sobrecarga é grande demais, é humanamente impossível dar conta de tudo como mãe. E aí comecei a me perguntar o porquê. Fui estudar e refletir e, na minha visão, a maternidade ainda está enraizada na biologia humana. A gente engravida, carrega bebê na barriga, a gente sente todas as transformações do corpo, os hormônios… E isso afeta não só o corpo, mas a mente, nosso cérebro muda. Parir ainda é algo impactante para mulher, para o corpo e para a mente de uma mulher.

O que te motivou a escrever o livro? Foi quando senti a vontade de escrever, porque queria dividir essas reflexões com outras mães, para a gente tirar um pouco dessa culpa de nós mesmas. Realmente, a carga é pesada e é humanamente impossível dar conta de tudo e, quando entendemos isso, a gente não paga mais com nossa saúde mental, acaba que as mães estão adoecendo aos poucos por conta da sobrecarga.

Qual foi o maior impacto que você teve após o primeiro filho? A gente tem que descobrir uma nova identidade como mãe, eu era Fernanda que não era mãe, minha identidade como pessoa era o meu trabalho, minha profissão. De repente você se torna mãe e um pouco daquela identidade de antes morre. Você tem que renascer, se reinventar como mulher, até tem um capítulo no livro que falo sobre o renascimento da mulher. O parto do primeiro filho é um renascimento da mulher.

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E como ficou sua carreira? Quando tem o primeiro filho, você deixa de olhar para o próprio umbigo, porque sabe que quer dar o melhor pra ele, que quer ser exemplo para ele, as prioridades mudam. Eu achava que ia continuar indo e vindo, Brasil, Califórnia, com o neném pequeno, mas não tinha noção do quão difícil seria essa viagem gigantesca. Para mim, nada era mais importante no começo de vida do meu primeiro filho do que estar com ele. Recebi bastante convite ainda naquela época, porque estava inserida no mercado, e não queria nem saber se era trabalho incrível, se era filme incrível, personagem incrível, só pensava no bebê.

Hoje tem o movimento da ‘nova paternidade’, em que os pais estão mais presentes. Seria uma saída? Esse movimento da nova paternidade é extremamente importante, necessário. Primeiro porque geramos esse filho juntos, temos as mesmas responsabilidades; segundo que uma criança precisa de pai e mãe presentes. Pai e mãe têm funções diferentes na criação de um filho; e esse filho precisa dos dois lados, dessas duas figuras que têm funções diferentes. Não dá para ser só aquele pai que ajuda, tem que ser pai que é pai, fazer mais do que ajudar, cuidar, ter as mesmas responsabilidades. Esse movimento é extremamente necessário.

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