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Como ‘telespectador-dopamina’ pode afundar ‘Vale Tudo’- sem culpa da Globo

Uma análise dos novos hábitos de consumo de ficção, diante da baixa audiência de ‘Vale Tudo’, de Manuela Dias

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 abr 2025, 16h47 - Publicado em 8 abr 2025, 07h00

Há vários motivos para se questionar como Vale Tudo, de Manuela Dias, na TV Globo, não consegue decolar na audiência. Até aqui, apesar de todo o “carnaval” de seu lançamento, a atual trama das nove não superou sua sucessora, a natimorta Mania de Você. Um desses motivos passa pela mudança de hábito do telespectador nos últimos anos, cada vez mais acostumado a outras formas de consumo de ficção televisiva.

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O termo “telespectador-dopamina” tem sido usado em discussões sobre mídia para descrever aquele tipo que consome conteúdo apenas pelo estímulo rápido e constante que ele gera — basicamente, buscando alguma “descarga de dopamina”. Esse tipo de telespectador, na maioria jovem, tem baixa tolerância ao tédio ou à lentidão narrativa, procura por recompensas imediatas (plot twists, cenas impactantes, humor fácil etc), tem dificuldade em se engajar com obras mais densas, lentas ou complexas e se acostumou a pular de conteúdo em conteúdo (tipo zapping ou binge watching impulsivo) por causa das facilidades do streaming.

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Ou seja, há uma nova geração consumidora de ficção televisiva habituada a um consumo acelerado, tal como as plataformas e redes sociais (TikTok, YouTube e até o streaming) incentivam. Nestes meios, tudo é feito para capturar a atenção nos primeiros segundos e mantê-la com picos constantes de estímulo.

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Já o oposto do “telespectador dopamina” seria o “telespectador-contemplativo” (ou “telespectador-paciente”). Se o “telespectador-dopamina” está sempre em busca de estímulo e recompensa rápida para não perder o interesse sobre a obra exibida, um nome simbólico para o oposto a ele poderia remeter a substâncias associadas ao equilíbrio, estabilidade e introspecção. Ou seja, não seria exagero chamá-lo de “telespectador-serotonina”. A serotonina está mais ligada à sensação de bem-estar estável, à regulação do humor e à satisfação a longo prazo — diferente da dopamina, que impulsiona busca, expectativa e recompensa imediata. O “telespectador-serotonina” seria, portanto, aquele que se satisfaz com narrativas calmas, com desenvolvimento lento, ao invés de picos intensos.

Esse tipo de espectador tem alta tolerância à lentidão narrativa e aprecia o desenvolvimento gradual das histórias; gosta de tramas profundas, silenciosas ou sutis, onde a recompensa vem com o tempo; prefere novelas e séries que demandam atenção, reflexão e envolvimento emocional; e se permite sentir o ritmo do conteúdo, sem buscar estímulos constantes. É o espectador que valoriza mais a experiência estética, emocional ou filosófica da obra do que o entretenimento puro.

Neste sentido, não seria exagero colocar na conta do “telespectador-dopamina” a mudança no hábito de se ver novelas. É uma nova geração mais acostumada a hábitos trazidos pelas plataformas de streaming, redes sociais e outros meios digitais. Os índices recentes de Vale Tudo, em uma semana no ar, indicam que mesmo com todo o marketing envolvido em seu lançamento na TV Globo, além da indiscutível qualidade técnica da obra, não refletem mais o interesse de uma massa de telespectadores que antes se traduzia em números mais expressivos. As novelas não prendem o “telespectador-dopamina”, que vem crescendo em detrimento do “telespectador-serotonina”.

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