Como Louis Vuitton marca presença mesmo sem vestir delegações em Paris
Grife francesa possui coleção de peças no esporte e estampa vestimentas e objetos nas premiações do evento
A Louis Vuitton, marca de luxo francesa, tem marcado presença nos Jogos Olímpicos mesmo sem vestir nenhuma nação ao longo das competições. Isso porque, a exemplo do que fez na Copa do Mundo de 1998, também disputada na França, a grife foi responsável por confeccionar alguns dos itens mais vistos durante o evento.
Além de fornecer uma bandeja especial que carrega as medalhas entregues aos vencedores de cada modalidade, a Louis Vuitton também veste os responsáveis por entregar a premiação aos atletas, com roupas inspiradas na edição de 1924 dos Jogos, ano em que a Cidade Luz sediou o evento pela segunda vez na história (a primeira havia sido em 1900).
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A vestimenta combina elegância com toques históricos e celebra a tradição olímpica. Os trajes, iguais para homens e mulheres, são compostos por uma camisa polo, calças largas e um boné “gavroche”. Os voluntários também receberam um kit de maquiagem da marca para complementar o visual.
“Os Jogos Olímpicos são o maior evento esportivo do mundo, reunindo os atletas mais importantes em dezenas de modalidades. Um momento como esse sempre gera grande aderência dos fãs e muita visibilidade ao redor do planeta, o que é fundamental para todas as marcas, especialmente as que vestem participantes, dando um peso ainda maior e grande valorização”, comenta Fernando Kleimmann, sócio-diretor da Volt Sport, fornecedora brasileira de material esportivo.
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Vale lembrar que a parceria com o Comitê Olímpico Internacional (COI) foi anunciada em março pela Louis Vuitton. A marca francesa forneceu também os baús onde as medalhas são guardadas ao longo dos Jogos. O acordo de patrocínio entre a grife e o COI é estimado em 150 milhões de euros (cerca de 800 milhões de reais).
“Uma estratégia de exposição em um evento dessa magnitude tende a gerar ganhos imensuráveis para uma marca. Os Jogos Olímpicos, durante toda sua realização, atraem a atenção de um número massivo de espectadores ao redor de todo o mundo, especialmente no momento de distribuição das medalhas, que é a grande consagração dos atletas. A possibilidade de exibição para bilhões de pessoas, com itens clássicos que remetem à marca, garante a obtenção dos resultados desejados”, analisa Renê Salviano, especialista em marketing esportivo e CEO da agência Heatmap.
Visando aos Jogos Olímpicos, a Louis Vuitton também aproveitou para produzir um guia especial sobre Paris para os torcedores que se dirigiram à cidade para acompanhar as competições. O livro é exclusivamente dedicado ao esporte e conta com diversas histórias que relatam a cultura das práticas esportivas no país, especificidades regionais e diversas outras informações. Um outro tipo de obra semelhante já é feito pela marca há três décadas. Nesta produção, são relatadas as riquezas da cidade, como arquitetura, circuitos turísticos, endereços famosos e tendências.
“Quando uma marca francesa mundialmente conhecida e renomada como a Louis Vuitton decide se associar aos Jogos Olímpicos, um dos eventos esportivos mais tradicionais e importantes do mundo, a troca de atributos entre as partes passa a ser intangível. E o fato da competição ser em Paris faz com que a força de associação se potencialize ainda mais”, destaca Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Wolff Sports.
HISTÓRIA NO ESPORTE
Embora seja mais conhecida por fabricar roupas e acessórios fora do mundo esportivo, a Louis Vuitton também tem desempenhado um papel importante no esporte. A marca possui uma coleção de peças voltadas para o meio, com pranchas de surf, bolsa para tacos e bolinhas de golf, bolsas para bola de boliche, mesa e raquete de ping-pong, mesa de sinuca, skates e até óculos de ski.
Além disso, a grife francesa também mantém ligações com atletas renomados. A brasileira Rayssa Leal, estrela do skate mundial, é embaixadora global da marca, que também tem Carlos Alcaraz, campeão de Wimbledon, e Rafael Nadal, um dos maiores tenistas de todos os tempos, como representantes. Os compatriotas inclusive formarão a dupla masculina da Espanha nos Jogos.
“A abrangência internacional que os atletas possuem é um fator de muita atratividade para as marcas. Em momentos como os Jogos Olímpicos, fãs de diversos esportes são mobilizados ao mesmo tempo, aumentando o engajamento e a exibição. Ter um esportista embaixador entre os três melhores do mundo tende a representar ainda mais ganhos fora do esporte”, aponta Danielle Vilhena, diretora de Projetos e Operações de Marcas da End to End, hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo e produtora de conteúdo oficial das redes sociais do Time Brasil durante os Jogos Olímpicos.
Já no futebol, os jogadores Lionel Messi e Cristiano Ronaldo estrelaram uma campanha da Louis Vuitton que viralizou nas redes sociais antes da Copa do Mundo do Qatar, em 2022. O argentino, inclusive, é patrocinado e já protagonizou outras ações em colaboração com a marca. A grife também esteve presente no Mundial de 1998, sediado na França, ao produzir uma bola personalizada com sua famosa estética. O objeto veio a se tornar uma bolsa posteriormente.
Por fim, a Louis Vuitton também é responsável por produzir as maletas que abrigam alguns dos troféus mais cobiçados do mundo. A taça da Copa do Mundo, o troféu Larry O’Brien, da NBA, a taça do Mundial de Rugby, a Bola de Ouro da France Football e, mais recentemente, a Tocha Olímpica de 2024 são exemplos de objetos que foram guardados em peças da grife.