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Como a Disney arruinou o padrão de felicidade a dois e ignora os trisais

No clima do dia dos namorados, o psicólogo Matheus Vieira fala sobre monogamia, traição e a idealização dos contos de fada

Por Valmir Moratelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 jun 2022, 08h00

Psicólogo e pedagogo Matheus Vieira, 39 anos, fala a VEJA sobre as formas engessadas de relacionamentos que moldam os padrões de felicidade a dois. Ele defende que o modelo de relação atual foi criado há mais de dois séculos, por isso não se sustenta mais. “As pessoas se casam imaginando a felicidade que aprenderam com a Disney e encontram algo diferente o suficiente para saírem do casamento”, explica Vieira que ganhou notoriedade ao criar o projeto Terapeuta do Amor, escutando experiências amorosas nas ruas de Curitiba (PR) ao lado do banner “Me conte sua história de amor”. Assim foi parar no Encontro com Fátima Bernardes. A seguir, a conversa:

O que se deve fazer quando o amor não é correspondido?

Não há receita. Um amor não-correspondido diz muito mais sobre nós do que da pessoa amada. É importante refletir: por que uma pessoa que não corresponde ao meu amor merece meu afeto? O que ganho ao ser rejeitado?

Como lidar com o término do relacionamento?

Términos são doloridos. Há um luto envolvido, mesmo nas relações que eram ruins.  Talvez a melhor coisa a se fazer é se permitir sofrer, viver o luto. Mascarar a tristeza e a dor com festas, bebidas e novas companhias podem ser tiro no pé. Não há mal em sofrer uma relação.

Que dicas você dá para quem vai passar o dia dos namorados sozinho?

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Será que estar sozinho não é mais interessante do que estar numa relação ruim, que nos faz infeliz? Não é errado querer um par amoroso. Errado é querer um par a qualquer custo.

É possível amar duas pessoas ao mesmo tempo?

Sim. O ser humano é um ser plural, rico de emoções e cheio de vida. O que cada um faz com esse sentimento é outra história.

Perdoar traição é deixar de amar a si próprio?

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Se a pessoa entender ‘perdoar’ por esquecer tudo de ruim, é nocivo para a relação. Esse perdão é uma maneira de não se amar, o que aumenta a probabilidade de acontecer novamente. Mas se o casal entender as motivações, pode sair mais unido e mais maduro.

Você defende que o problema em relacionamentos amorosos está no fato de termos como padrão algo criado há séculos.

Isso. Os contos de fadas da Disney contribuíram para consolidar a ideia da mulher frágil, delicada, maternal que é salva por um homem (príncipe); e que, ao casarem, serão felizes para sempre, até que a morte os separe. Na vida real as coisas são diferentes. O casamento, por exemplo, não era sobre casais que gostariam de viver juntos. Casamento falava sobre posses, poder, status. Casar por amor é algo recente. Há poucos anos, divorciada era mal vista na sociedade. Filhos de pais separados eram vistos como ‘problemáticos’. A rigidez dos papéis está ruindo diante da fluidez e velocidade dos dias atuais.

A monogamia está em desuso?

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As pessoas estão se permitindo conhecer novas formas de se relacionar. O interessante ao pensar a monogamia ou a não-monogamia é o quanto uma é inclusiva e a outra não. E não digo como comportamento sexual, no qual existe um parceiro em um caso e mais de um no outro. Mas como movimento político-social, no qual a monogamia é fixa, prega que casais devem ter apenas um parceiro e condena quem não o faz. Vejo com bons olhos as tentativas de romper com a monogamia do amor romântico.

O que acha dos trisais?

Considero válida toda maneira que as pessoas buscam de ser felizes sem fazer mal a outrem. Trisais têm problemas? Claro que sim. Mas relações monogâmicas também. Basta olharmos o aumento dos divórcios ano após ano. As pessoas se casam imaginando a felicidade que aprenderam com a Disney e encontram algo diferente.

Você criou o projeto “Terapeuta do Amor” onde escutava experiências amorosas nas ruas. Que histórias mais te marcou?

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O projeto começou com uma carência minha: conhecer histórias de amor que deram certo. Ninguém bate na porta de consultório para dizer como está feliz. O que mais me marcou foi o fato de todos associarem histórias de amor com histórias longevas. Esse pensamento é perigoso porque, em nome da longevidade, permitimos violências. Temos muito o que aprender com Vinícius de Moraes: ‘Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure’.

Cena do filme 'Cinderela'
Cena do filme ‘Cinderela’: o amor romântico da Disney (Reprodução/VEJA)
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