Buchecha fala do conflito com família de Claudinho: ‘Me sinto ofendido’
Cantor, que teve sua história com parceiro de funk contada em ‘Nosso Sonho’, maior bilheteria do cinema nacional em 2023, é embaixador do Natal Azul
Na música Coisa de cinema, o refrão diz: “Nossa história vai virar cinema/ E a gente vai passar em Hollywood/ Mas se ninguém gostar não tem problema / Meu bem, um grande amor não há quem mude”. Se a letra completar sua profecia, em breve Buchecha, 48 anos, terá que ir a Los Angeles representar o Brasil no Oscar. É que sua vida ao lado do parceiro Claudinho não só virou ‘cinema’, como desponta favorita para tentar vaga pelo Brasil na sonhada estatueta do Oscar. Nosso Sonho é a maior bilheteria do cinema nacional no ano. Em conversa com a coluna, Buchecha brinca sobre o look que pretende usar na premiação de Hollywood e fala da mágoa com os herdeiros de Claudinho, morto em 2002 num acidente de carro. A entrevista contou ainda com a participação do cirurgião-dentista Avelino Veit, que o convidou para ser embaixador da 23ª edição do Natal Azul, com tema “Nosso Sonho”. O projeto beneficia escolas públicas e associação de comunidades do Rio e Grande Rio, arrecadando durante o ano brinquedos e kits de higiene oral completos. No final do bate-papo, claro, Buchecha soltou a voz. Confira.
SEM EXPECTATIVAS. “Tive uma experiência única com Nosso Sonho, é a cinebiografia mais vista deste ano no cinema nacional. Estou muito feliz. Confesso que não esperava, foi uma surpresa boa. Não criei expectativa grandiosa, porque depois não acontece e vem a frustração, não estava preparado. Muita gente que já tinha perdido o hábito de ir ao cinema assistir a filmes nacionais, recebi relatos de que retornaram às salas por causa de Nosso Sonho. É uma prestação de serviço, essa incumbência cabe a nós artistas”.
‘NOSSA HISTÓRIA VAI VIRAR CINEMA’. Quando compus essa música junto com Abdula e Kaká Moraes, que também são os mesmos compositores de Fico Assim Sem Você, a gente fez esse refrão e não imaginava que isso de fato poderia vir a acontecer. Nossa história virou cinema.
TRAJE PARA O OSCAR. “Estou deixando tudo para cima da hora, no jeitinho brasileiro. Se acontecer (do filme ser indicado), aí vou lá e alugo, ou peço para algum colega estilista fazer uma parada bem estilizada, que seja a minha cara. Mas tem que ter o bonezinho, é a marca registrada. Representa a nossa nação, o nosso cinema, nossa arte, nosso povo”.
APOLOGIA DA PAZ. “É legal dizer que é um filme que não tem apologia ao preto com fuzil na mão, a drogas. É uma forma da gente retratar a maioria do povo da favela, um povo que trabalha tanto, que luta para vencer honestamente. E às vezes essas pessoas estão menos visadas. O filme também tem essa responsabilidade. E diz muito a respeito do que eu e o Claudinho fomos”.
BANDEIRA DO FUNK. O funk melody é a nossa bandeira para falar de amor, é o funk que toda a família pode ouvir. Não desmerecendo as outras vertentes do funk, porque sei o quanto esse gênero tem responsabilidade social. Através do funk muitos meninos largaram o fuzil. É importante a gente falar da importância da cultura, da educação, da acessibilidade. Sou da bandeira do amor”.
‘MEU’ SONHO. “Não sei se posso pedir mais alguma coisa a Deus. Sempre falei que tenho o sonho de gravar ou cantar com o Rei Roberto Carlos. É ícone da nossa música e eu o reverencio”.
RELAÇÃO COM A FAMÍLIA DO CLAUDINHO. “Não temos contato, desde a primeira aparição delas na televisão, falando um monte de coisas que dizem respeito a mim, que não eram verdadeiras. Eu claro, me sinto ofendido, triste. E resolvi nunca me pronunciar, para não desmentir. Quando alguém fala algo que não é verdade, e você faz contraponto, pode ser que alguém saia machucado. Mas a verdade tem que prevalecer. Procuro sempre ter paciência, levar da melhor forma possível. Alguém tem que ir para cruz né?”.
PRÓXIMO FILME. “Indiquei a história do MC Marcinho, que nós perdemos agora. Acompanhei o caso da saúde dele, e pude perceber o quanto era amado. Corri atrás de alguns amigos, já que fiquei inserido nesse meio de cinema, para indicar a cinebiografia do Marcinho, que vai dar muito ‘bom’”.
Sobre o Projeto Natal Azul, Avenilo Veit explica por que escolheu o cantor para ser embaixador dessa edição: “Buchecha já é uma figurinha de coração do Natal Azul há quase 10 anos. Ele esteve na edição de 15 anos. Na primeira vez, ele foi dar ‘oi’ para as crianças e ficou duas horas lá cantando. É uma pessoa que sempre faz de amor, de coração, sem pedir nada em troca. Esse ano se ofereceu para mostrar o filme para as crianças. (…) É um trabalho que a gente faz o ano inteiro, com kits de escova de dente, promoção de saúde, aliado às professoras e diretoras das escolas de 19 comunidades no Rio. A gente faz o trabalho de prevenção e cidadania”.