As ‘pulsões amorosas’ de papa Francisco, antes do sacerdócio
Pontífice morreu aos 88 anos nesta segunda-feira, 21

Escrita a partir de depoimentos dados pelo papa Francisco ao editor Carlo Musso de 2019 a 2024, Esperança, é a primeira autobiografia publicada por um papa, lançada em 2025. No livro, ele promove reflexões sobre temas como a importância da preservação do meio ambiente, o acolhimento das minorias, a inserção dos imigrantes e a simplificação da hierarquia da Igreja. Além de contar sua história, desde a infância em Buenos Aires, até o conclave que fez dele o primeiro papa latino-americano. Em um dos trechos, Francisco fala sobre suas “pulsões amorosas” antes de escolher o caminho do sacerdócio.
“Também eu senti atração por duas moças naquele tempo, uma de Flores, da paróquia, e a outra do barrio Palermo, uma espécie de Little Italy de Buenos Aires, cujo coração é a Plaza Italia e, no meio da praça, o monumento equestre a Giuseppe Garibaldi. Conheci essa moça porque nossos pais eram amigos e as famílias começaram a se frequentar. Mas não houve compromissos oficiais, apenas saímos juntos, fomos dançar tango. Eu estava com dezessete anos, e dentro de mim já havia a inquietude da vocação e do sacerdócio. Hoje essas duas mulheres ainda estão vivas, e as reencontrei quando era bispo: uma delas trabalhava como dirigente de uma paróquia do barrio Caballito, com marido e filhos, e a outra em Palermo, com uma bela família. Antes ainda, quando eu era criança, houve uma paixãozinha infantil por uma menina de Flores, uma história terna que tinha esquecido e que me voltou à memória pouco depois de ser eleito papa. Era uma colega de escola primária, Amalia Damonte. Escrevi‑lhe uma carta em que dizia que nos casaríamos, seria ela ou mais ninguém, e para reforçar a proposta desenhei a casinha branca que compraria e onde um dia iríamos morar — um desenho que, por mais incrível que pareça, essa menina guardou por toda a vida. Vivia em uma casa na rua Membrillar a poucos metros da nossa, e sua família também era de origem piemontesa. A despeito das nossas origens comuns, sua mãe, aparentemente, tinha outros projetos para ela; e se me via por aquelas bandas, me expulsava agitando a vassoura”.