As polêmicas técnicas da ‘Constelação Familiar’, novo modismo de Anitta
Cristina Florentino, psicóloga e consteladora, falou à coluna GENTE
A nova tatuagem de Anitta tem gerado discussões nas redes sociais. A cantora explicou que o símbolo representa sua família: ela no centro, simbolizando o amor; e os demais membros ao redor, representados por estrelas. A isso, ela creditou ser “Constelação Familiar”. Além da funkeira, outros famosos também já falaram ser adeptos da técnica, tais como Preta Gil, Brad Pitt e Oprah Winfrey. Para a coluna GENTE, Cristina Florentino, 54 anos, psicóloga e mentora em psicoterapia, manejo de traumas e Constelação Familiar, explicou sobre a polêmica técnica, sem respaldo científico e desaprovada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP).
“A Constelação Familiar trabalha com vínculos familiares. Como é o relacionamento da sua mãe com a sua avó, bisavó, trisavó. A gente olha para a árvore genealógica e as relações que acontecem dentro do sistema familiar e como afetam o indivíduo”, explica Cristina, que conta com 80 mil seguidores nas redes sociais e afirma que possui uma lista de espera de até um ano e meio para atendimentos.
A “constelação” acontece em sessões únicas, normalmente em grupo e abertas – uma das questões para que o CFP encare a constelação como não compatível, já que as sessões não respeitam, por exemplo, sigilo terapêutico. Ali, um grupo de pessoas atuam como representantes, podendo ser desde pessoas a objetos.
“Alguém vai representar o dinheiro na sua vida e você vai assistir àquilo que acontece dentro de você. Os outros representantes muitas vezes também se relacionam com aquele tema dando dicas. Normalmente perguntamos, por exemplo: ‘aconteceu alguma coisa na família do seu pai?’. De acordo com a leitura corporal, temos as respostas. No final, conseguimos entender, por exemplo, que o seu avô foi roubado pelo irmão e essa situação mal acabada ficou no inconsciente familiar. Os descendentes ficam conectados a esses traumas transgeracionais”.
Ou seja, para esta linha de raciocínio, toda “culpa” passa por um problema derivado de um antepassado. Algo que a psicanálise e a psicologia nem sempre aprovam. Cristina não está nem aí para as críticas, e afirma que elas são “o preço por uma inovação”. “A Constelação não faz tratamento de traumas, porque não faz acompanhamento do cliente. Ela olha para aquela situação que você está levando e, que muitas vezes já trabalha em uma terapia. Constelação não substitui nenhum tipo de tratamento, é complementar. Também não é indicada para todos. É preciso estar em quadro estável, de ego adulto. E não é mágica”.