As histórias afros que serão cantadas na Sapucaí, segundo carnavalescos
Unidos de Padre Miguel, Imperatriz, Viradouro e Mangueira, que desfilam domingo, 2, apresentam seus enredos no programa semanal da coluna GENTE
A grande novidade deste Carnaval é a divisão das apresentações das escolas de samba do Grupo Especial em três noites – domingo, 2; segunda-feira, 3; e terça-feira, 4. A cada noite, quatro agremiações se apresentarão na Sapucaí. Antecipando alguns dos segredos mais bem guardados dos artistas que organizam a festa, a coluna GENTE foi à Cidade do Samba, onde se concentram os barracões das escolas, para conversar com todos os carnavalescos envolvidos. Até o Carnaval, a cada segunda-feira, traremos os depoimentos desses artistas. Nesta semana, em conversa com o programa da coluna GENTE disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ e também na versão podcast no Spotify, os carnavalescos da Unidos de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, Viradouro e Mangueira, que se apresentam na primeira noite de desfiles, explicam seus enredos. Em comum, todos eles têm inspiração em saberes africanos. Assista.
UNIDOS DE PADRE MIGUEL – Lucas Milato: “A comunidade esteve com a escola durante todo esse processo, até o seu retorno ao Grupo Especial, então realizaremos esse desfile principalmente para a comunidade. É um enredo com dois grandes protagonistas, a Iyá Nassô, que foi a grande fundadora, que plantou o Axé; e a Casa Branca do Engenho Velho, que hoje é um terreiro ainda em atividade, considerado o primeiro de candomblé no Brasil”. Alexandre Louzada: “Vamos valorizar e informar melhor as pessoas sobre as religiões de matriz africana, tão difundidas hoje no nosso país. Da onde isso começou e todos os desafios e preconceitos que foram enfrentados. E o sacrifício de uma mulher em manter a sua religiosidade entre os seus pares aqui”.
IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE – Leandro Vieira: “Esse conjunto que passeia entre o mito do Itã e o mito transformado em rito é o enredo da Imperatriz em 2025. A gente começa apresentando Oxalá em seu reino. Oxalá aparece na abertura envolto com suas coisas ritualistas, com tudo que é branco, tudo que é prata, tudo que é marfim. Uma abertura digna de um rei. E apresenta o trajeto, a jornada, as desventuras, chega ao banho e encerra na cerimônia das águas de Oxalá. Há quase 50 anos que a Imperatriz não olha para o universo afro religioso e isso para mim é instigante, num ano em que a temática dita afro acaba sendo a dominante. (…) É um enredo que olha para a realeza africana”.
VIRADOURO – Tarcisio Zanon: “Nosso enredo nasce de uma forma muito espiritual. Estava na festa do campeonato (do ano passado) e do nada apareceu uma fumaça no meio do mato. Não era uma fumaça de fogo. E lembrei, nas minhas antigas memórias, que diziam que Catimbó é fumaça de mato. A gente vai passar por essa história em quatro setores. O primeiro é a história do João Batista, o último dos malongos. Malongo é companheiro de viagem. E a passagem dele pelos três mundos: a mata, a Jurema, árvore sagrada; e o último setor é o Exu Trunqueiro e os grandes festejos pernambucanos”.
MANGUEIRA – Sidnei França: “É um olhar sobre a negritude carioca, especialmente para os povos Banto, trazidos forçadamente na diáspora de África para o Brasil, mais especificamente ao Cais do Valongo. Vamos mostrar toda a religiosidade influenciando na cidade do Rio de Janeiro”.
Sobre o programa semanal da coluna GENTE. Quando: vai ao ar toda segunda-feira. Onde assistir: No canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ ou no canal VEJA GENTE no Spotify, na versão podcast.