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A missão do chef que quer mudar a fama da sardinha de ‘peixe de pobre’

Renato Martins é responsável pelo festival ‘Sardinha, Samba & Choro’, realizado em Macaé, no litoral do Rio de Janeiro

Por Nara Boechat Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 abr 2025, 21h36 - Publicado em 19 abr 2025, 16h00

Enquanto é menosprezada em muitas regiões do país, a sardinha tem a autoridade de uma majestade em Macaé, no litoral norte do Rio de Janeiro. A soberania alçou o pescado à estrela do festival Sardinha, Samba & Choro, que reuniu cerca de 10 mil pessoas em sua 11ª edição, no último fim de semana. Idealizador do evento, Renato Martins, 61 anos, é o responsável por tirar essa fama de “peixe de pobre” que a sardinha carrega há alguns anos, mostrando que ele pode ser servido em pratos variados. 

Nascido na região, o fundador do restaurante Ilhote Sul, especializado em frutos do mar há mais de três décadas, comanda o festival junto com o Polo Gastronômico de Macaé, unindo a tradição do peixe com a “raiz cultural” do município, que hospeda duas escolas de música centenárias. Em conversa com a coluna GENTE, Martins contou o motivo da iniciativa, como esta pode mudar a visão do produto e a importância da festa para o turismo do município. 

Chef Renato Martins prepara paella para o festival Sardinha, Samba & Shoro, em Macaé
Chef Renato Martins prepara paella para o festival Sardinha, Samba & Shoro, em Macaé (Lívio Campos/Divulgação)

Como surgiu a ideia do Sardinha, Samba & Choro? Surgiu quando foi fundado o Polo de Gastronomia. Como membro fundador tive a oportunidade de oferecer esse produto como cultura. A proposta do samba e choro vem da raiz musical forte na cidade, que tem duas escolas de música centenárias – a Lyra dos Conspiradores e Nova Aurora – e um poeta muito famoso (Benedito Lacerda), além da colônia de pescadores, que já foi a maior economia do município e até hoje tem uma força grande. A gente viajou nessa história de trazer o pescado junto com essa proposta cultural.

E por que a sardinha? Primeiro, porque é um peixe maravilhoso. Só anda em cardume e quando está sozinho está desesperado, sendo presa fácil. Além disso, é uma proteína rica e um peixe produzido e consumido na região, tanto na parte de alimentação como na própria cultura da pesca, com a isca viva. A gente já teve uma abundância de sardinha na década de 1970, 1980, quando era possível pescar cerca de 30 a 40 quilos em qualquer enseada daqui. A gente falava que a sardinha dava na areia. 

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Por que ainda há preconceito com a sardinha? Como chef de cozinha, tive muito essa visão. A sardinha era um peixe considerado de pobre. E, realmente, matava e até hoje mata a fome de muita gente. Só que, com a evolução da gastronomia, como uma ferramenta de envolvimento social, cultural e econômico, a sardinha também se tornou peixe de alta gastronomia. Hoje em dia, você não come só uma sardinha frita ou na pressão, mas também, por exemplo, recheada com creme de ricota ou com tempurá, com uma técnica oriental. 

Esse evento é uma maneira de tirar o preconceito? Com certeza. Tenho vários amigos que viajam a Portugal para comer sardinha no Porto e pagar em euro. E lá comem a sardinha com a cabeça e espinha, porque não tem garçom que faça isso. É muito chique ficar na beira do rio limpando sardinha e tomando vinho branco. A gente aqui está fazendo isso, só que com produto nosso. 

Quando esse evento impacta o município? Com o festival, a gente criou a oportunidade de incluir a sociedade dentro do evento. Quando estamos vendendo a sardinha, estamos trazendo, por exemplo, o limpador da sardinha do mercado de peixe. E isso acaba impactando todos.

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Qual é a quantidade média de sardinhas consumidas no evento? A gente trabalhou com uma faixa de 1.200 a 1.400 quilos. 

Sua família herdou essa sua paixão pela cozinha e peixes? Sim. A família é toda do mar. Sou filho de pescador, faço caça submarina. Já minha filha é bióloga e quando vai cuidar de golfinho, tartaruga e baleia, ela mergulha dentro de um cardume de sardinha. É uma das maiores emoções. Eu já vi uma cena que ela sumiu dentro de um cardume de sardinha. 

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