A juventude travessa de papa Francisco em Buenos Aires
Histórias fazem parte de 'Esperança', autobiografia publicada em 2025

Pelas ruas de Flores, um bairro tradicional na zona oeste de Buenos Aires, que soube acolher as famílias de imigrantes e trabalhadores de classe média, Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco cresceu. O bairro, que antes era conhecido por ter “casinhas baratas” hoje é o bairro do papa, que morreu nesta segunda-feira, 21, aos 88 anos. Na autobiografia Esperança – primeira publicada por um papa – que chegou às livrarias brasileiras em fevereiro, Francisco conta sua história desde a infância na capital argentina até o conclave que fez dele o primeiro papa latino-americano. Sobre a juventude, em um dos trechos, ele lembra de como era uma criança travessa, importunando uma viúva do bairro e se fantasiando para o carnaval.
“Sem dúvida, recordo também algumas cenas que não são propriamente de dar orgulho. Na esquina da pracinha ficava a casa onde morava uma senhora que fora casada com um funcionário do banco. O homem tinha morrido e, após o período de luto — representado com roupas pretas pesadas, véus sobre o rosto e chapéus escuros —, havíamos percebido que a viúva recebia sorrateiramente na casa um dos policiais do bairro. Nós meninos, eu devia ter uns dez anos, íamos até a janela do quarto e começávamos a gritar, a chamar, a bater nas vidraças… em suma, a fazer arruaça. Relembrar isso me constrange um pouco, e um pouco me faz sorrir, mas é como foi. Éramos o próprio Gian Burrasca à moda latina”, confessa Francisco em trecho do livro.
Gian Burrasca é o personagem de um livro clássico da literatura infantil italiana escrito por Luigi Bertelli. A obra é um diário fictício de Giannino Stoppani, um garoto travesso e inteligente, que é apelidado de Gian Burrasca (Gian Tempestade) por sua natureza agitada e curiosa.