Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Thomas Traumann

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)

O potencial do outsider

Pesquisa Genial/Quaest mostra que um de cada quatro brasileiros prefere um candidato de fora da política

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 abr 2025, 14h09 - Publicado em 13 abr 2025, 14h43

Recorte inédito da pesquisa Genial/Quaest revela que um em cada quatro eleitores brasileiros gostaria de eleger um candidato fora da política, superando numericamente aqueles que preferem Lula da Silva ou Jair Bolsonaro. O dado comprova o imenso potencial dos candidatos outsiders, como já indicava a votação do guru de autoajuda Pablo Marçal em São Paulo e de candidatos com discurso antissistema nas eleições municipais de Curitiba, Goiânia, Belo Horizonte e Fortaleza.

Perguntados “para o Brasil hoje, qual seria o melhor resultado da eleição”, os eleitores deram as seguintes respostas:

. 26% alguém fora da política

. 24% Lula

. 19% Bolsonaro

Continua após a publicidade

. 12% Outro candidato de direita fora Bolsonaro

. 6% Candidato de centro

. 5% Outro candidato de esquerda fora Lula

Continua após a publicidade

Uma demonstração do potencial eleitoral de um outsider é que essa preferência varia dentro da margem de erro por região, gênero, idade e escolaridade.  

Como seria de esperar, é grande a expectativa por alguém de fora da política entre quem declarou voto em branco ou nulo ou não foi votar nas eleições de 2022: 40% querem um outsider, 14% um candidato de direita que não seja Bolsonaro e 11% vão de Lula. 

O outsider tem ainda um potencial de votos de 46% entre os eleitores que não se definem nem de esquerda, nem de direita. De acordo com a Genial/Quaest, 33% dos eleitores se definem nesta faixa de não-bolsonaristas-e-nem-lulistas. 

Continua após a publicidade

A confirmação do potencial do voto antissistema faz parte de um processo mais amplo do mau humor do eleitor brasileiro com sua realidade. De acordo com a pesquisa, 56% dos brasileiros desaprovam o governo Lula, mesmo índice dos que acham que o Brasil está indo na direção errada. A oposição comemorou os dados sem analisar os detalhes: pelo menos um em cada cinco eleitores que desaprovam o governo Lula pretende votar em branco ou nulo ou vai se abster em 2026. Parte do repúdio ao governo Lula, portanto, é uma rejeição a todo o sistema político.

Há ainda o peso do desgaste da polarização Lula e Bolsonaro: 55% dos eleitores preferem não votar em nenhum dos dois, embora ambos sigam sendo as únicas grandes lideranças nacionais. O cenário se completa com o gigantesco desgaste do Judiciário, a falta de resultado da ação do Estado contra a violência e a noção de que não existem mais consensos na sociedade. Pesquisas qualitativas indicam que um candidato disruptivo, que reúna o discurso anti-Estado do argentino Javier Milei e a linha-dura do salvadorenho Nayib Bukele teria um potencial real numa eleição brasileira. 

Em tese, o desgaste do sistema político é um bônus para a direita, historicamente mais competente que a esquerda em captar o sentimento do contra-tudo-e-contra-todos, como mostram as vitórias de Jânio Quatros em 1960, Fernando Collor em 1989 e Jair Bolsonaro em 2018.O sentimento antissistema, contudo, não é necessariamente uma boa notícia para o bolsonarismo.

Continua após a publicidade

Nas pesquisas qualitativas, Bolsonaro perdeu essa aura de antissistema depois de se aliar ao Centrão e formalmente apoiar candidatos como o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Essa contrariedade com as escolhas de Bolsonaro na eleição municipal foi tamanho que ele se viu obrigado a se omitir da disputa em São Paulo e trocar de lado em Curitiba porque a maior parte do seu eleitorado fiel se recusava a seguir a sua determinação. 

Candidato a herdeiro do bolsonarismo, o governador Tarcísio de Freitas com seu terno e discurso quadrados não se encaixa no figurino de antissistema. Outros pré-candidatos como Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Ratinho Junior são igualmente percebidos como representantes do establishment. 

Se for elegível, Pablo Marçal seria o nome natural para liderar essa força política disruptiva. Se a Justiça eleitoral confirmar a inegibilidade de Marçal pela farsa do laudo contra Guilherme Boulos em 2024, o desejo por um outsider ficará em aberto para um outro forasteiro, seja um cantor como Gusttavo Lima, um apresentador como Danilo Gentili ou um youtuber como Felipe Neto. Nesse momento, o nome importa menos do que a representação de um sentimento contra-tudo-contra-todos. O potencial existe.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.