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Titanic: o documentário angustiante da Netflix impulsionado por tragédia

Produção de 2003 mergulhou ao fundo do oceano com equipamentos de ponta para revelar imagens detalhadas do naufrágio

Por Amanda Capuano Atualizado em 15 Maio 2024, 23h31 - Publicado em 30 jun 2023, 13h58

Em 2001, poucos anos após o sucesso estrondoso de Titanic (1997), o diretor do filme, James Cameron, e uma equipe de especialistas mergulharam a uma profundidade de quase quatro quilômetros nas águas geladas do atlântico norte para captar imagens do próprio navio naufragado em 1912. A expedição, feita em dois submarinos russos de alta tecnologia, foi registrada no documentário Os Fantasmas do Abismo, que integra a lista de filmes mais vistos na Netflix essa semana — ocupa a quinta posição do top 10 neste momento.

Lançado em 2003, o documentário foi impulsionado ao topo pela tragédia do submersível Titan, que implodiu no fundo do oceano matando todos os cinco tripulantes. Criado pela Ocean Gates, o veículo improvisado tentava chegar aos destroços do Titanic quando o casco cedeu à pressão da água. O filme de Cameron mostra o que os tripulantes teriam visto se tivessem chegado ao destino em segurança e retornado à superfície para contar a história.

Assistir ao filme, no entanto, não é exatamente confortável. “Deixe seu testamento pronto e oficializado, pague seu seguro de vida, escreva um bilhete de despedida para a família. É esse o tipo de coisa que passa pela sua cabeça”, diz o cineasta Bill Paxton (1955-2017) antes de entrar no submarino. Na descida, Paxton parece angustiado, e pergunta constantemente ao especialista que o acompanha sobre dados de oxigênios e a situação atual. Quem assiste, vive com ele a angústia de saber que, se tudo der errado, não há escapatória da imensidão azul.

As imagens, no entanto, são monumentais. Repousado no fundo do oceano há mais de um século, o Titanic é como uma cidade fantasma. Com o auxílio de duas câmeras robôs projetadas para a missão, Cameron adentra os corredores do navio e revela camas reviradas, objetos pessoais dos passageiros e lustres monumentais cobertos por quilômetros de água e microrganismos. Em um dado momento, os tripulantes atestam que o Titanic é o cemitério daqueles que partiram no naufrágio, como um repouso final no fundo inóspito do oceano.

Paxton era estreante nas profundidades, mas aquela não era a primeira vez de James Cameron no fundo do mar. Diretor de Titanic, o cineasta desceu ao local pela primeira vez em 1995, para gravar imagens para o filme que arremataria 11 prêmios no Oscar. A expedição foi minuciosamente planejada e contou com submarinos de ponta, o que não era o caso do Titan. De lá para cá, Cameron mergulhou ao naufrágio 33 vezes. Com especialistas presentes, as expedições deixaram de legado um conhecimento vasto e inédito sobre a tragédia, mas também inspiraram descidas irresponsáveis ao fundo do oceano para fins puramente turísticos de curiosos fascinados com o Titanic — como a que acabou em um novo desfortúnio na última semana.

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