Sandra Oh, de rejeitada em Hollywood a estrela cobiçada da TV
Após o sucesso com 'Grey’s Anatomy 'e o protagonismo em 'Killing Eve', atriz estrela a nova série da Netflix 'The Chair'
Em 1995, Sandra Oh, aos 24 anos, deixava sua casa em Ottawa, no Canadá, para se aventurar por Los Angeles, nos Estados Unidos, movida pelo sonho de ser atriz. A jovem, descendente de imigrantes sul-coreanos, logo de cara encontrou portas fechadas. “Não tenho nada para lhe oferecer”, disse um agente de talentos. A recusa ainda se revelou racista. “Você não tem o perfil de protagonista, não é bonita o suficiente. Deveria fazer uma cirurgia plástica.” Por um longo período, a previsão parecia se concretizar. Sandra passou uma década pulando entre papéis sem relevância. Insistente, centrada e determinada, a atriz quebrou barreira por barreira e refletiu essa “teimosia” em suas personagens — caso da popular médica Cristina Yang, de Grey’s Anatomy, que a fez famosa. Hoje, aos 50 anos, Sandra não só é um nome cobiçado na TV e no cinema, como deu novos ares ao papel da dita “mulher difícil”.
Leia-se “difícil” como um adjetivo amplamente usado para caracterizar mulheres que fogem de padrões. São aquelas que priorizam o trabalho, falam o que pensam e tomam decisões impopulares. É o caso da professora Ji-Yoon Kim, protagonista da comédia dramática da Netflix The Chair, vivida por Sandra. Primeira mulher a comandar o Departamento de Inglês de uma renomada universidade, Ji-Yoon tenta trazer para o século XXI um corpo docente de homens idosos, pouco afeitos a mudanças.
Funko Cristina Yang
Killing Eve: Nome de Código Villanelle
Com humor ácido e carisma abundante, Sandra traz em sua atuação um delicado equilíbrio entre qualidades e imperfeições, além de dilemas que acompanham o sexo feminino, como a relação entre a maternidade e a vida profissional. Ela ainda ajudou a tirar dessas personagens o rótulo de enfadonhas ou infelizes — claro, pela falta de um romance estável. Da força explosiva de Cristina Yang ao poder compassivo de Ji-Yoon, Sandra também vem brilhando na pele de Eve Polastri, agente do serviço secreto britânico na primorosa série Killing Eve. Longe da perfeição de um 007, Eve se coloca em situações kafkianas — especialmente ao criar laços com uma assassina. O papel lhe rendeu o histórico primeiro Globo de Ouro de melhor atriz para uma oriental. É bom ser difícil.
Publicado em VEJA de 25 de agosto de 2021, edição nº 2752
*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.