Os desafios da atriz de ‘Chicago Med’ que virou rainha em ‘Anéis de Poder’
Cynthia Addai-Robinson vem quebrando preconceitos na TV americana com personagens poderosas; confira entrevista
Inglesa de nascimento, com cidadania americana a ganense, por parte de pai e mãe, respectivamente, Cynthia Addai-Robinson é tão versátil quanto suas origens sugerem. Desde cedo descobriu que queria ser artista. Fez balé, atuou na Broadway na adolescência e não demorou a cavar oportunidades na TV americana. Fez participações em títulos como CSI e Law & Order, até conquistar um papel fixo na série de fantasia de super-heróis Arqueiro. Desde então, Cynthia se tornou um rosto pop quando o papel é destinado à uma mulher poderosa. Caso da médica Vicki Glass, de Chicago Med, e agora da rainha Míriel, da superprodução do Prime Video O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder. A atriz falou a VEJA sobre a série e como sua participação reforça uma maior presença feminina no universo de testosterona criado por J.R.R. Tolkien.
Nos últimos episódios, a rainha Míriel tomou uma decisão impopular em Númenor, de se aliar à elfa Galadriel. Como vê essa virada para a personagem? A Míriel é uma rainha regente, ou seja, não tem totalmente o poder sobre o reino. Ela está nesse lugar intermediário, quase de substituta. E a sociedade de Númenor está numa encruzilhada, sem saber se mantém as tradições, se atende ao chamado dos ancestrais élficos ou se opta pela modernização e segue adiante. É interessante ver como ela vai lidar com essas opções.
Os filmes de O Senhor dos Anéis tinham poucas mulheres e nenhuma negra. Como se vê inserida nesse mundo? O universo de Tolkien é repleto de ótimos personagens masculinos. Com a série, encontramos a oportunidade de dar esse mesmo tratamento com riqueza e complexidade às mulheres. Estamos preenchendo lacunas. Eu gosto de personagens femininas que são fortes, mas também vulneráveis, ao mesmo tempo. Ela, como uma rainha, deve se apresentar como uma líder. Mas, no fundo, tem dúvidas e incertezas. Então podemos ver a face pública dessa personagem, e também seus momentos mais calmos e íntimos. Não vou dar spoilers, mas posso dizer que ela terá uma jornada surpreendente.
A beleza do reino de Númenor foi até o momento um dos pontos altos da série. Como era esse set na vida real? Tinham muitas construções de verdade, e algumas telas verdes para dar profundidade ao cenário, mas nem notávamos isso porque boa parte da cidade já estava lá, de pé. Númenor tem um porto, onde os barcos entram e saem, então víamos esse movimento. Eles literalmente criaram um porto. Foi muito especial.
Sendo uma personagem política da série, enxerga paralelos com as lideranças do nosso mundo real? Acho que cada um interpreta a série como quer, dependendo de seu ponto de vista. É fácil traçar vários paralelos entre a política e a história, pois Tolkien escreveu essas aventuras sob os traumas da I Guerra. São medos atemporais e intrigantes politicamente e falando. Eu acho interessante pensar a política dentro da fantasia, porque a fantasia é o mundo exagerado, uma realidade ampliada. Mas a trama faz isso de forma identificável, para o público entender e explorar as ideias enquanto desenvolve empatia por esses personagens.